segunda-feira, 26 de maio de 2025

Insídia

 

Alertaram-me quanto a acidentes, pois que, para “modelos antigos” como eu, não mais existiriam peças de reposição. Como responder? De início agradecido, pois isso, de fato, procede. Minha geração, pessoas como eu, apesar dos inúmeros malfeitos, dificilmente serão substituídas. Trata-se de valores, de princípios; trata-se de integridade, uma disposição - assim creio - até então desconhecida pela “nova classe”.

Bem, mas neste passo deparo-me com um dilema: devo entender-me como alguém singular? Em face da patente degeneração social, confesso realmente estar inclinado a sentir-me assim. Todavia, como ficaria a modéstia? Modéstia, um termo insidioso. Explico-me: negar-se a ser modesto é arrogância; assumir a modéstia, decerto seguir-se-á a acusação de falsa modéstia; negar a falsa modéstia, por certo receberá o epíteto de hipócrita.

Logo, outra constatação se me apresenta: como está difícil conviver com tantos adjetivos!   

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