O texto abaixo foi baseado
em fatos reais
Houve
uma data, e já faz alguns anos, que eu, este que redige a presente missiva,
declarei estar dando início ao processo de publicação, através de um blog para
isso especialmente criado, daquilo que julgava, então, ser meus “dejetos” universais.
Se os pouquíssimos leitores assim o consideraram, eu não saberia dizê-lo.
Contudo, foram poucos os que se propuseram a lê-lo; e a cada dia percebo o
reduzido número apequenar-se. Os possíveis comentários também se mostram mais e
mais escassos. Pois bem, desta feita, venho vos participar a interrupção, senão
a extinção de tais “bobagens”. Sem embargo, posso vos adiantar que se trata de
algo como que um suicídio intelectual. E como o termo suicídio pode vir a
suscitar um sem número de dúvidas e preocupações de ordem escatológica,
buscarei de modo sucinto explicá-lo.
O
que seria um suicídio intelectual? Bem, comecemos pelo suicídio. Suicidar é
usado apenas como verbo pronominal. Ora, suicidar é tirar a própria vida; ou
seja é reflexivo. Se suicidar for pronominal, então suicidar-se é matar-se a si
mesmo, o que revela total redundância! Seria possível alguém suicidar a outro
que não a si mesmo? Logo, o verbo é reflexivo, pois o ato de suicidar implica
tirar a própria vida. Mas deixemos de lado estas questiúnculas gramaticais a
cargo dos acadêmicos e voltemo-nos ao X da questão: suicidar é tirar a própria
vida. Pois bem senhores, esta é a minha vida; eu amo escrever. E vou abdicar da
mesma.
Mas
o simples fato de escrever não satisfaz ao que escreve. Aliás, como toda arte,
ela inicia pela visão particular do autor, algo subjetivo, se bem que guarde em
si a pretensão de universalizar-se, de tornar-se objetiva, isto é, de ser
assimilada por todos os que com ela travem contato. Estaríamos nós, artistas, autores,
fadados a um anonimato existencial? Sim, anonimato existencial porque é
contumaz os grandes artistas, pensadores e até cientistas obterem
reconhecimento ou bem tardiamente ou numa condição post mortem. E, por favor, não me rotuleis de pretensioso por
considerar-me grande artista ou autor. Sabeis por que? Porque eu o sou, e não pretendo
arrastar para o túmulo a epígrafe de falsa modéstia.
Conseguis
perceber? Até bem antes de optar pelo meu suicídio intelectual, vós já havíeis
contribuído para tal sentença; vós outros - e aqui o universo é bem amplo - não
mais cultivais o hábito de ler. Preferis, é claro, estar diante de um aparelho
celular a ver e ouvir as patranhas que abarrotam as redes sociais ou a fazer selfies que tendem a vos enodoar com a
perspectiva de tornar-vos celebridades. E eu que pensava ter conhecido a fundo
a vaidade humana!
É
isso, meu suicídio intelectual não é fake.
Continuarei escrevendo; apenas nada mais será divulgado. Bem, e quanto a vós,
fica aqui registrado o meu amaldiçoar. Não, não se trata da “vingança maligna”
de um vampiro brasileiro. Não, pois até para se prever maldições faz-se
necessário estudar, ler, informar-se. Caso vos falte o conhecimento, o que é
evidente, ainda posso ser de algum modo útil: recentes pesquisas confirmaram
que o hábito da leitura afasta e previne o mal de Alzheimer. A leitura não é só
informação, formação e cultura, é prática terapêutica. Portanto, fica aqui o
meu alerta, que a depender de vossa aceitação, poderá ser entendido como
medicamento ou maldição.
Eu
não ficaria realizado ou experimentaria qualquer satisfação em observar toda
uma geração acometida de precoce demência.
Esse será o legado da chamada "Pátria Educadora"?
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