Conseguis perceber que atualmente há
dentre a escória política - perdão, isso foi um lapso freudiano, ato falho, lapsus calami ou
seria lápis falho (?), pois eu quis escrever escola política - uma certa
preocupação com currículos? A preocupação, em si, faz sentido, pois
recentemente tivemos, através da mídia, o relato de que certo cidadão cotado
para assumir o Ministério da Educação, fantasiara (aqui faço uso de um
eufemismo) em muito sua formação acadêmica e, ipso facto, sua informação
curricular. Atentemos igualmente para as nomeações reincidentes aos cargos de
Ministros do Supremo Tribunal Federal àqueles que jamais foram juízes. Então
vós argumentais: “Mas eles são detentores de notável saber jurídico”. Perfeito,
vos respondo, mas o currículo em muito ajudaria a corroborar tal atributo.
Nada obstante, acredito estar
justificada, salvo melhor juízo, esta preocupação maior, pois o que reclama
sobremodo minha atenção é o fato de que o Diretor-Geral da Organização Mundial
de Saúde não seja médico. Consta em seu currículo biográfico que ele é graduado
em Biologia, pesquisador de malária e doutor em saúde comunitária. Longe da
intenção de fazer piada, doutor em saúde comunitária soa-me simplesmente como
empostada alcunha para um agente de saúde. E para não ser injusto ou
preconceituoso, decidi-me a buscar seu currículo no Google, muito embora tal
fonte seja, por si mesma, eivada de vícios.
Não satisfeito, a fazer uso das
técnicas e condutas vigentes, contratei um hacker para me auxiliar na pesquisa
sobre Tedros Adhanom Ghebreyesus. Bem, de início, devo confessar que quedei-me
incrédulo; depois, já refeito do choque, assimilei as novidades. Sim, as
informações acerca de Tedros não só eram verdadeiras, mas também acrescidas do
insólito. Pasmai! O atual Diretor-Geral da OMS estudara em Hogwarts. Não, não
foi contemporâneo de Harry Potter, mas desfrutou da companhia de outros
personagens bem conhecidos por todos nós.
Outra “coincidência” interessante:
Todos eles (os nossos conhecidos) pertenceram a casa Sonserina; os chapéus, de
fato, mostram-se sábios e deveras seletivos. É bom ter em mente que a casa
Sonserina tem por característica abrigar estudantes ambiciosos, calculistas,
orgulhosos. Segundo informações do hacker, pelo menos um deles, Sérgio Moro,
tentou transferir-se para Grifinória, mas o recurso lhe foi negado. O discente
tentou desacreditar e questionar a imparcialidade dos chapéus. “Patético”, foi
o derradeiro adjetivo utilizado por Dumbledore em seu despacho.
Ainda pautado em informações de meu
hacker - doravante meu herói - fiquei sabendo que Tedros e Alexandre de Moraes
eram rivais nas disputas do quadribol, muito embora ambos, já naquela época,
fraudarem as regras do jogo. Quase a terminar este breve relato de minha ousada
e delituosa pesquisa acerca de currículos, vim descobrir, por fonte fidedigna,
que Lord Voldemort, logo após o duelo com Harry Potter, não morreu, mas
exilou-se, e com auxílio de disfarce e alguns quilos a mais, transformou-se em
algo bem pior: hoje ele atende pelo nome de Gilmar Mendes.
Informação relevante: ao acessar os
arquivos de Hogwarts, meu herói hacker descobriu que a famosa instituição de
ensino - evidentemente sem o glamour de Harvard, Yale ou Oxford - teve como
discípulos George Soros e William Henry Gates III. Varinhas mágicas à parte, a Hogwarts
School of Witchcraft and Wizardry, em dias atuais, parece preocupar-se em reservar
para seus discentes, isto é, os novos bruxos, lugares de relevância na
sociedade.