segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Currículos

 

Conseguis perceber que atualmente há dentre a escória política - perdão, isso foi um lapso freudiano, ato falho, lapsus calami ou seria lápis falho (?), pois eu quis escrever escola política - uma certa preocupação com currículos? A preocupação, em si, faz sentido, pois recentemente tivemos, através da mídia, o relato de que certo cidadão cotado para assumir o Ministério da Educação, fantasiara (aqui faço uso de um eufemismo) em muito sua formação acadêmica e, ipso facto, sua informação curricular. Atentemos igualmente para as nomeações reincidentes aos cargos de Ministros do Supremo Tribunal Federal àqueles que jamais foram juízes. Então vós argumentais: “Mas eles são detentores de notável saber jurídico”. Perfeito, vos respondo, mas o currículo em muito ajudaria a corroborar tal atributo.

Nada obstante, acredito estar justificada, salvo melhor juízo, esta preocupação maior, pois o que reclama sobremodo minha atenção é o fato de que o Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde não seja médico. Consta em seu currículo biográfico que ele é graduado em Biologia, pesquisador de malária e doutor em saúde comunitária. Longe da intenção de fazer piada, doutor em saúde comunitária soa-me simplesmente como empostada alcunha para um agente de saúde. E para não ser injusto ou preconceituoso, decidi-me a buscar seu currículo no Google, muito embora tal fonte seja, por si mesma, eivada de vícios.

Não satisfeito, a fazer uso das técnicas e condutas vigentes, contratei um hacker para me auxiliar na pesquisa sobre Tedros Adhanom Ghebreyesus. Bem, de início, devo confessar que quedei-me incrédulo; depois, já refeito do choque, assimilei as novidades. Sim, as informações acerca de Tedros não só eram verdadeiras, mas também acrescidas do insólito. Pasmai! O atual Diretor-Geral da OMS estudara em Hogwarts. Não, não foi contemporâneo de Harry Potter, mas desfrutou da companhia de outros personagens bem conhecidos por todos nós.

Outra “coincidência” interessante: Todos eles (os nossos conhecidos) pertenceram a casa Sonserina; os chapéus, de fato, mostram-se sábios e deveras seletivos. É bom ter em mente que a casa Sonserina tem por característica abrigar estudantes ambiciosos, calculistas, orgulhosos. Segundo informações do hacker, pelo menos um deles, Sérgio Moro, tentou transferir-se para Grifinória, mas o recurso lhe foi negado. O discente tentou desacreditar e questionar a imparcialidade dos chapéus. “Patético”, foi o derradeiro adjetivo utilizado por Dumbledore em seu despacho.    

Ainda pautado em informações de meu hacker - doravante meu herói - fiquei sabendo que Tedros e Alexandre de Moraes eram rivais nas disputas do quadribol, muito embora ambos, já naquela época, fraudarem as regras do jogo. Quase a terminar este breve relato de minha ousada e delituosa pesquisa acerca de currículos, vim descobrir, por fonte fidedigna, que Lord Voldemort, logo após o duelo com Harry Potter, não morreu, mas exilou-se, e com auxílio de disfarce e alguns quilos a mais, transformou-se em algo bem pior: hoje ele atende pelo nome de Gilmar Mendes.

Informação relevante: ao acessar os arquivos de Hogwarts, meu herói hacker descobriu que a famosa instituição de ensino - evidentemente sem o glamour de Harvard, Yale ou Oxford - teve como discípulos George Soros e William Henry Gates III. Varinhas mágicas à parte, a Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry, em dias atuais, parece preocupar-se em reservar para seus discentes, isto é, os novos bruxos, lugares de relevância na sociedade.   

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