Opto por iniciar o presente documento valendo-me de recurso jornalístico, muito embora eu não o seja. Na qualidade de informador, todavia, não me limitarei a noticiar; desejo criar impacto, polêmica, fazer alarde. E se me perguntardes pelas fontes e se as mesmas são fidedignas, eu vos direi: observação, bom senso, prudência e raciocínio. Quereis fontes mais seguras do que essas? Dito isso, podemos começar com o famoso Breaking News!
Eu soube, à boca pequena, que novo
partido político está para ser lançado. Melhor, o partido será, em breve,
oficializado. Afinal, não é bom para a democracia - somos ou não somos uma
democracia séria? (risos) - que partidos políticos mantenham-se na
clandestinidade. Em verdade vos digo que o tal partido, mesmo que
informalmente, tem prestado excelentes serviços ao legislativo, principalmente
àqueles de orientação esquerdista. Não, não! Que digo eu? Tal declaração
revela-se como injusta e preconceituosa. Por um momento esqueci-me do já famoso
Centrão. Honra seja feita: The Black
Shadows prestam serviços a todo e qualquer partido cujo objetivo seja
desacreditar e criar embaraços ao governo federal.
Legisladores de certos partidos (na
verdade contumazes politiqueiros), quando se veem presas de algum embaraço ou
pressentem possíveis dificuldades para perverterem a ordem pública e com isso
cometerem alguns desatinos, recebem o aporte incondicional desta eminência
parda, pois que além de discretos conselheiros, manifestam grande poder de
decisão. Imaginai que, apesar de toda informalidade, eles detêm poder até para
declarar a inconstitucionalidade da Constituição. Sim, seus poderes transcendem
paredes, muros, fronteiras. A despeito das atitudes ditatoriais, seus ditos
falaciosos invocam sordidamente a democracia. Não vos deixeis enganar, pois que
invadem esferas de competência, desempenham papeis de investigadores e até
brincam de policiais. Nada obstante, vilipendiam a ciência que dizem
representar.
Internamente, ou seja, entre os
integrantes da facção, pode até, por vezes, surgir alguma discórdia, mas não
vos iludais, eles são por demais corporativistas. Diante do exposto, malgrado
meus fundamentados receios com a vida pública, pensei até em arriscar-me na
política e filiar-me ao referido partido... Ledo engano! Este agrupamento
informal é muito reduzido: no máximo 11 (onze) integrantes, e mais uma vez advirto-vos:
pasmai! Eles não são eleitos; são indicados pelo chefe do executivo e
sabatinados pelo senado (legisladores), donde se pode depreender a origem da
troca de favores. Eles chamam isso de “harmonia entre os poderes” ou se
preferirdes “governo de coalizão”.
Certa feita, decidi-me observar de
perto uma sessão onde a citada malta se reunira. Confesso-vos ter experimentado
um quase medo, afinal, todos de roupa negra (o local mais parecia com a Batcaverna),
a falarem uma língua complicada e atolados em imensurável fatuidade. Não, não
mais vou lhes aguçar a curiosidade: O dito partido, sobremodo operativo, ainda
que em fase de gestação, terá como sigla PSTF, ou seja, Partido Seleto de
Togados Fantoches. E a singularidade da sigla não consegue expressar a magnitude
da autoridade de seus membros. Detalhe importante: deve-se usar sempre a forma
de tratamento destinada a pessoas nobres ou ilustres, pois assim exigem os
excelentes a alegar “liturgia” do cargo.
Eu, ao arrogar-me profeta, deixo aqui
um alerta sine pecunia as Suas
Excelências, seres mergulhados na arrogância, na pretensão, na vaidade: O
pavão, muito embora portador de grande beleza, necessita correr grandes distâncias
para conseguir voar, e quando o faz, revela-se barulhento e desajeitado. Então,
até para se preservar, o pavão evita fazê-lo. A vaidade em si, acaba por estabelecer
seus próprios limites. E tem lugar a profecia: Muito em breve, a presumida
“casta” será proscrita.