terça-feira, 6 de abril de 2021

Contra naturam

 

O inverno findara; seguiu-se o desabrochar das flores na estação primaveril. Lindo! Pássaros e insetos em seus infindáveis e aleatórios passeios só fazem polinizar, semear. O que é isto? Natureza. Depois da flor, o fruto. Sabeis vós quanto de energia um vegetal gasta para produzir seus frutos? Por que? A natureza se empenha em autopreservar-se. E o sexo entre animais? O sexo tem que ser prazeroso para que se cumpra uma exigência da natureza. Para que, entre seres humanos, os olhares, as sensações, os sentimentos, a libido, a produção de hormônios? Para o sexo. Por que? É mister para que a natureza se realize, se preserve, permaneça em si mesma; é o conatus de Spinoza. O organismo animal, da fêmea mais especificamente, altera-se, reacomoda-se, readapta-se para gerar um novo ser, seu fruto. Para que? Para que a espécie se eternize. Conseguis perceber? A natureza não se preocupa com o indivíduo, mas sim com a espécie. As realizações individuais, portanto, devem estar acordes com os interesses da espécie. Logo, a questão sexual é refém de uma estrutura vital que se vincula tão somente à natureza, e, ipso facto, às ciências naturais.  

Em se analisando outro aspecto, é perceptível a constância com que os fenômenos se repetem na natureza. Sim, há como que uma “norma” a ser seguida inexoravelmente pelo conjunto de forças que obram no Universo. E nós, meros coadjuvantes neste cenário, já temos como certos a repetição dos fenômenos naturais. Por exemplo: há como que uma convicção, fruto de observação das ciências naturais, no que tange à alternância das marés em intervalos de aproximadamente seis horas. Sim, no tocante à natureza, os padrões repetitivos criam o que chamamos de normalidade. Se porventura, devido a uma circunstância, conhecida ou não, detectada ou não, a primavera não suceder o inverno, nós declaramos uma anormalidade. Percebei: em termos de natureza, nós não criamos circunstâncias para forjar o que por si mesmo se revela como normal. Uma normalidade criada, dar-se-ia, possivelmente, na esfera das ciências sociais, isso quando levado em conta os valores supedâneos de qualquer sociedade.

Pelo exposto, podemos inferir que sexualidade não é temática para ser discutida por ciência social, pois pode-se incorrer no risco de grave impostura intelectual. E então vos pergunto: Ainda pretendeis entender a homossexualidade como algo normal? Ela se volta contra a natureza. Por mais que as leis defendam os direitos dos homossexuais, por mais que as pessoas os respeitem, por mais que estejam inseridos na sociedade, eles sempre sentirão necessidade de reconhecimento e aceitação. Eles não querem ser respeitados como pessoas ou como cidadãos; eles não querem ser tratados de modo igualitário; eles querem tratamento diferenciado, pois querem ser respeitados como homossexuais. Por que? O problema é que eles não aceitam a si mesmos, pois a natureza - e inconscientemente eles sabem disso - não está sendo realizada. A prática da homossexualidade atende unicamente a expectativa, aos anseios do indivíduo, nunca ao anelo da espécie.

Um comentário:

  1. E esse reconhecimento diferenciado, que é a mais pura expectativa, quando frustrada, acaba por criminalizar o objeto de sua frustração na tipificada homofobia.

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