sexta-feira, 9 de abril de 2021

Iuris Atheismus (Lei do ateísmo)


Quando pensava já ter visto de tudo, pude testemunhar mais um dos inumeráveis desmandos do STF. Imaginai que Suas Excelências, ainda ontem, talvez porque a toga negra assemelhe-se a trajes eclesiásticos, decidiram brincar de párocos e discorrerem sobre teologia, ciência que, decididamente desconhecem. E o mais curioso: sequer preocuparam-se em demonstrar um mínimo de “notável saber teológico”. A imensa vaidade que vitima nossos preclaros ministros é símile ao desejo, pois que também desconhece a saciedade. O desejo de que falo em nada se parece com a vontade de saber, mas sim com o querer dominar, por limites, cercear liberdades. E vos pergunto: Mas não se trata de uma corte constitucional? E onde fica a constituição?

Há muito que o aclamado Superior Tribunal Federal desvencilhou-se de qualquer compromisso constitucional. Pode-se notar, e de modo patente, o envolvimento político da corte, pois em sua decisão entendeu que as assembleias religiosas - não os bancos, ônibus, trens, metrôs lotados, etc. - colaboram na disseminação do vírus pandêmico, independente de seguirem as orientações sanitárias. Este burlesco e caótico entremetimento na seara alheia faz com que a corte constitucional abandone seus saberes jurídicos (bem limitados, cá entre nós) e adentre à esfera das ciências físicas, das ciências exatas, das ciências sociais, arte e - a exemplo da sessão realizada ontem - ciências teológicas. Alguns dos notáveis conseguiram expelir (seria este o termo correto?) os resíduos protocolares de seus excrementos mentais e fantasiaram-se de sacrílegos, de ateus, agnósticos. Se bem que... eu diria que nossa corte vergou-se a um tipo inusitado de idolatria: submeteram-se a Narciso: o deus da vaidade. Consequentemente praticaram uma também singular heresia: apostasia jurídica! 

O curioso - e por quê não pândego? - em tudo isso é que os partidos de esquerda protocolaram um pedido de impeachment do Presidente da República, pois este teria cometido crime de responsabilidade ao tentar politizar as forças armadas. Nobody deserves. Ninguém merece. Mas enfim, eis a pretendida democracia!

Um comentário:

  1. A pior ditadura é a da judiciário, pois com ela estabelecida, não há quem recorrer.

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