sexta-feira, 23 de abril de 2021

O Novo Partido

 

Opto por iniciar o presente documento valendo-me de recurso jornalístico, muito embora eu não o seja. Na qualidade de informador, todavia, não me limitarei a noticiar; desejo criar impacto, polêmica, fazer alarde. E se me perguntardes pelas fontes e se as mesmas são fidedignas, eu vos direi: observação, bom senso, prudência e raciocínio. Quereis fontes mais seguras do que essas?  Dito isso, podemos começar com o famoso Breaking News!  

Eu soube, à boca pequena, que novo partido político está para ser lançado. Melhor, o partido será, em breve, oficializado. Afinal, não é bom para a democracia - somos ou não somos uma democracia séria? (risos) - que partidos políticos mantenham-se na clandestinidade. Em verdade vos digo que o tal partido, mesmo que informalmente, tem prestado excelentes serviços ao legislativo, principalmente àqueles de orientação esquerdista. Não, não! Que digo eu? Tal declaração revela-se como injusta e preconceituosa. Por um momento esqueci-me do já famoso Centrão. Honra seja feita: The Black Shadows prestam serviços a todo e qualquer partido cujo objetivo seja desacreditar e criar embaraços ao governo federal.

Legisladores de certos partidos (na verdade contumazes politiqueiros), quando se veem presas de algum embaraço ou pressentem possíveis dificuldades para perverterem a ordem pública e com isso cometerem alguns desatinos, recebem o aporte incondicional desta eminência parda, pois que além de discretos conselheiros, manifestam grande poder de decisão. Imaginai que, apesar de toda informalidade, eles detêm poder até para declarar a inconstitucionalidade da Constituição. Sim, seus poderes transcendem paredes, muros, fronteiras. A despeito das atitudes ditatoriais, seus ditos falaciosos invocam sordidamente a democracia. Não vos deixeis enganar, pois que invadem esferas de competência, desempenham papeis de investigadores e até brincam de policiais. Nada obstante, vilipendiam a ciência que dizem representar.

Internamente, ou seja, entre os integrantes da facção, pode até, por vezes, surgir alguma discórdia, mas não vos iludais, eles são por demais corporativistas. Diante do exposto, malgrado meus fundamentados receios com a vida pública, pensei até em arriscar-me na política e filiar-me ao referido partido... Ledo engano! Este agrupamento informal é muito reduzido: no máximo 11 (onze) integrantes, e mais uma vez advirto-vos: pasmai! Eles não são eleitos; são indicados pelo chefe do executivo e sabatinados pelo senado (legisladores), donde se pode depreender a origem da troca de favores. Eles chamam isso de “harmonia entre os poderes” ou se preferirdes “governo de coalizão”.    

Certa feita, decidi-me observar de perto uma sessão onde a citada malta se reunira. Confesso-vos ter experimentado um quase medo, afinal, todos de roupa negra (o local mais parecia com a Batcaverna), a falarem uma língua complicada e atolados em imensurável fatuidade. Não, não mais vou lhes aguçar a curiosidade: O dito partido, sobremodo operativo, ainda que em fase de gestação, terá como sigla PSTF, ou seja, Partido Seleto de Togados Fantoches. E a singularidade da sigla não consegue expressar a magnitude da autoridade de seus membros. Detalhe importante: deve-se usar sempre a forma de tratamento destinada a pessoas nobres ou ilustres, pois assim exigem os excelentes a alegar “liturgia” do cargo.

Eu, ao arrogar-me profeta, deixo aqui um alerta sine pecunia as Suas Excelências, seres mergulhados na arrogância, na pretensão, na vaidade: O pavão, muito embora portador de grande beleza, necessita correr grandes distâncias para conseguir voar, e quando o faz, revela-se barulhento e desajeitado. Então, até para se preservar, o pavão evita fazê-lo. A vaidade em si, acaba por estabelecer seus próprios limites. E tem lugar a profecia: Muito em breve, a presumida “casta” será proscrita.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário