terça-feira, 17 de novembro de 2020

Amor de pandemia

 

Sinto-me desconfortável em tratar de semelhante tema, mas algumas coisas criam, por si mesmas, certas demandas. Esta é uma delas! Conceituá-la? Talvez eu nem consiga... Não, em nada se assemelha ao amor de carnaval, aquele que fala em “três dias de folia e brincadeira; você pra lá e eu pra cá até quarta-feira”. Não foram apenas três ou quatro dias... Pensando bem, esse ano “eu não brinquei, você também não brincou”. Fantasias? Não ficaram guardadas; simplesmente não existiram! Mas houve máscaras, e quantas... Pessoas usando máscaras. Como confiar em pessoas - personas (máscaras) a usar máscaras? E como entender o isolamento que quer comunicar-se, que quer convivência?

E fala-se em amor. Poderia, de fato, existir o amor sem a convivência? Seria possível um love home? Como surgiria a admiração entre pessoas - personas (máscaras) - que dispõem apenas de relacionamentos virtuais? Teria lugar o respeito? A falta de confiança, parece-me, subverte o amor. Mas, ... que digo eu? Limitei-me a observar o amor pelo ponto de vista eminentemente humano. Há que se entender o amor como sentimento que transcende toda humanidade; que de si mesmo alimenta-se; o amor não se preocupa em ser amado, pois mantém-se à custa de sua própria substância. Sim, embora de difícil compreensão, o amor simplesmente ama. Não nos preocupemos, portanto, em conceituar o amor, conhecer sua essência ou entender seu porquê. O amor é como a rosa de Silesius. Assim como o amor, “A rosa não tem porquê. Floresce porque floresce. Não cuida de si mesma. Nem pergunta se alguém a vê...”


Nenhum comentário:

Postar um comentário