sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A Coletivização da Estultice

 

Trata-se de processo lento, amplo e deveras abrangente. Diferentemente do que possa parecer, a estultice pode ser implantada e também coletivizada. O processo parece ter tido vários inícios ou reinícios, e ainda deve diversificar-se; tudo vai depender dos interesses em foco. Pois bem, vou, portanto, falar de um destes inícios ou de um reinício em particular: refiro-me ao movimento hippie. E o que seria este movimento em sua origem? A coisa começou ainda nos anos cinquentas como uma espécie de comportamento contra cultural e acabou por tomar vulto. Na década de 60, os hippies pregavam o amor e o pacifismo, donde o lema Peace and Love, o respeito à natureza, o retorno à vida simples, o não ao consumismo e, o mais importante, colocavam-se contra a industrialização. Pergunto-vos: será que isso contrariava algum interesse? Lógico, principalmente as indústrias bélica e alimentícia. Primeira providência: demonizar o movimento. Sim, os hippies foram vinculados às drogas, aos desvarios sexuais, à falta de asseio corporal, à irresponsabilidade, à inconsequência, ao não comprometimento, à ociosidade, à vadiagem. E o movimento enfraqueceu... Hoje temos apenas alguns moradores de rua, despreocupados, sem quaisquer vaidades. Existem ainda alguns artesãos com família e moradia fixa.

Mas a industrialização, em contrapartida, conhece seu melhor momento. Com os tratados de não proliferação de armas e tantas discussões, muito embora estéreis em seu cerne, o belicismo parece - pelo menos parece - estar em queda, mas a indústria alimentícia desenvolveu-se e trouxe à reboque a indústria farmacêutica. O discurso da industrialização centra-se no respeito ao próximo com a melhor distribuição de alimentos e remédios ao mundo. Verdade? E a fome que, passadas tantas décadas, ainda mata aos milhares em países do chamado “terceiro mundo”? E as epidemias que dizimam populações inteiras em locais menos favorecidos? E o pior de tudo é a proliferação de hábitos e mentalidades absurdas. Exemplo? O discurso que o leite ao natural é nocivo, porque carrega microrganismos que podem afetar a saúde humana. Contudo, promovem a venda e distribuição de laticínios em embalagem tetrapak. O leite natural, que entra em processo de decomposição em menos de 24 horas, pode durar meses nas ditas embalagens. A troco de quê? E haja produtos químicos! A estultícia corrobora com toda esta farsa. E a fome continua a matar pelo mundo...

Os “bem alimentados”, entretanto, tornam-se intolerantes à lactose. Seria cômico, se não fosse triste. Aí a indústria alimentícia cria o leite sem lactose - o mesmo que criar um ferro que não enferruja ou a água que não molha - e os “bem alimentados e informados” pagam mais pelo engodo. A isso junta-se a indústria farmacêutica, especialíssima em criar “poções mágicas” para cuidar dos males “pós-modernos”. E os estultos pagam também por isso. Com a campanha contra os agrotóxicos e a presença dos ecologistas de plantão, a indústria de alimentos arranjou uma saída: os produtos naturais, os alimentos orgânicos. Estes custam “os olhos da cara” e beneficiam somente os de alto poder aquisitivo. E os demais? A indústria farmacêutica vem em socorro. Aqui permito-me um interregno para chamar vossa atenção para um detalhe: As indústrias alimentícias e farmacêuticas pertencem a algumas poucas famílias. Interessante, não?

Ficamos por aqui? Não, discorramos um pouquinho mais... Neste passo, permito-me fornecer-vos uma receita de rabanadas. Pois bem. Minha mãe assim o fazia: o pão duro cortado em fatias, mergulhado no leite quente com cravo e canela em pau. Depois de escorrido era passado em ovos batidos, frito em gordura quente e depois coberto com açúcar e canela em pó. Como bom filho que agora sou, busco fazer exatamente a receita da mamãe. Não consigo; é diferente. A diferença está no pão. Já percebestes que o pão “pós-moderno” demora a endurecer? Isso mesmo. Quando o pão “duro” fatiado é mergulhado no leite, ele desfaz-se; não temos como escorrê-lo como manda a receita original. O leite deve ser apenas aspergido sobre o pão. Pergunta-se: Por que? Evidentemente houve qualquer modificação no trigo, na farinha de trigo, acredito que por conta das experiências genéticas propostas pela indústria alimentícia preocupada em erradicar a fome no mundo (tento não esboçar sorriso). E os especialistas, estudantes, formandos e formados pelas universidades espalhadas pelo mundo, repetem e sustentam à exaustão os mantras com os quais foram educados: alergia ao glúten. E a indústria alimentícia cria uma nova fonte de rendas: alimentos sem glúten! A indústria farmacêutica, por sua vez, traz o “tiro de misericórdia”: medicamentos para minimizarem o efeito do glúten no organismo. Perdoem-me, mas aqui permito-me rir. Não um sorriso de contentamento, mas algo voltado ao deboche, ao escárnio, porque é a única coisa que o estulto merece.

O processo de coletivização da estultice dá-se por inteiro com a ajuda da internet, redes sociais e seus sequazes. Mesmo o leigo encontra respaldo na cultura oferecida no Google - a mesma cultura de compêndio disponibilizada aos acadêmicos -; o ignorante é capaz de repetir ipsis litteris todas as “máximas” da degradação humana ali presente. Um outro recurso utilizado pelas grandes indústrias é, com auxílio da mídia e “especialistas”, espalhar o pânico. Exemplo: o câncer de pele. E a indústria farmacêutica demonizou o Sol e criou o protetor solar fator 2000 (risadas). E a estultícia corrobora tudo o que foi dito e passa a consumir protetor solar. E o organismo humano? Como produzir Vitamina D, ou seja, aumentar a imunidade? Aí a mesma indústria tem a solução: ele cria um sucedâneo artificial à vitamina D. Quem não tem recursos para adquirir, fica com a imunidade baixa e exposto a qualquer vírus de origem suspeita e de passaporte chinês, haja vista o Covid19.

Para se ter uma ideia da eficácia do processo, os mais criteriosos dentre os estultos promovem e contemplam o uso de bebidas artificiais em detrimento aos sucos naturais, amparados na falácia que identifica perigo no aumento das taxas de glicose. Bem, certo de que já falei o suficiente, deixo-vos entregue ao seguinte questionamento: A que se deve atribuir o aumento em progressão geométrica dos casos de diabetes? Por que o mundo está repleto de obesos? O que pode provocar tantos casos de hipertensão? Como explicar o aumento exponencial nos casos de câncer? Por que o retorno de doenças tido por erradicadas? Espero que ainda sejais capazes de perguntar a vós mesmos se o que divulgam é, de fato, verdade.  

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