As frequentes controvérsias jurídicas
que envolvem os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski vêm chamando a
atenção do público que, com base antijurídica, postula as mais diversas e
equivocadas opiniões. Todavia, a constância dos eventos também reclama o zelo
de alguns operadores do direito. A meu ver, um olhar atento mas nada pretensioso, percebo tão somente questões que envolvem o embate de valores.
Os valores, queiramos ou não, gostemos
ou não, governam nossas ações. E é em decorrência deles - os valores - que
presenciamos tais polêmicas. De um lado temos o defensor que prima pelo valor
Justiça, alguém extremamente dedicado em extirpar o estigma nacional de “país
da impunidade”; do outro aquele que prima pelo positivismo jurídico - teoria que
nega a relação necessária entre direito e Justiça - e igualmente refém do processualismo.
Mas ainda lidamos com o fato -
entenda-se fato jurídico, o que dá origem à relação jurídica. O fato que, na
verdade, não é fato, mas uma interpretação do fato. Aqui posso me valer de
Nietzsche que afirmara: “Não existem fatos, mas interpretações do mesmo”. Para
Piaget, o fato puro não existe; o fato puro é inefável, pois, no momento de
narrá-lo, nele acondicionamos nossa visão particular, isto é, nossos valores.
Poincaré ainda teria dito: “Todo fato é solidário a qualquer interpretação”.
Ora, com base no exposto, podemos
inferir as dificuldades de ambos os ministros: Além da não percepção direta dos
fatos, pois que estes seriam apenas fenômenos e não númenos, soma-se a questão
valorativa. Posso lhes garantir que a questão do valor não implica qualquer
artifício evasivo e/ou subterfúgio. O que presenciamos é a questão jurídica
levada a sério por seus representantes máximos.
Quanto às declarações um tanto
acaloradas do Ministro Joaquim Barbosa podemos entendê-las como um temperamento
sanguíneo - coisa tipicamente humana, se bem que esperamos de um ministro
atitudes um pouco mais ponderadas; quanto à postura do Ministro Ricardo
Lewandowski podemos sugerir, com base em Paulo, na sua epístola aos Coríntios a
seguinte leitura: “A letra mata, mas o espírito vivifica”. Não obstante, há um
brocardo latino do eminente Cícero: summum
jus, summa injuria.
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