segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Uma teoria do caos

A Teoria do Caos


"Se os fatos não se encaixam na teoria, então modifique os fatos".
Albert Einstein

"Ou então, abandone-se a teoria".
Fernando Monteiro
                                                                                                                                                                                                                                                                                                               
A teoria do caos trata de sistemas dinâmicos, complexos e deterministas. No entanto, através de um fenômeno fundamental, manifestam instabilidade, pois que se revelam sensíveis às condições das quais se originaram. Isso pode ser compreendido levando-se em conta o número de fatores que influenciam certas condições; destarte, os resultados tornam-se instáveis. Contudo as instabilidades mostram-se como recorrentes, e, portanto, previsíveis em longo prazo; algo como que uma constância. A princípio, as manifestações podem parecer aleatórias, mas, de fato, não o são. Não há acasos! Acontecimentos que parecem aleatórios, na verdade estão interligados. “O ruflar de asas de uma borboleta no outro lado do mundo pode desencadear tornados de grandes proporções em plagas distantes”.

O tornado:
A Educação, é fato, está em plena decadência. O sistema como tal fracassou. Não há instrumentos disponíveis para deter a patente falência. Professores fingem que ensinam; alunos fingem que aprendem. Tudo é uma grande comédia. Os lentes estão despreparados, e assim permanecem porque nada lhes desperta o interesse na auto superação; os alunos folgam com isso, porque nada lhes desperta o interesse na formação. O sistema não proporciona saídas; não há mecanismos capazes de criar novos e estimulantes desafios em alunos e propedeutas. Aliás, os únicos interesses são os resultados práticos de ambas as partes: alunos desejam apenas a formalização documentada de um aprendizado, não o aprendizado; professores desejam apenas a formalização do trabalho estampada em seus contracheques, não o trabalho. O que se percebe é um utilitarismo extremado e que revela impressionante volatilidade. Para o alunado, a formação não é um fim, mas um meio; para o corpo docente, educar não é um fim, mas meio de sustento.

Pode-se, então, questionar: mas por que as autoridades - entenda-se Estados - não se movem no sentido de buscar soluções ao impasse? Mas Estados, e ipso facto políticas, também se revelam extremamente utilitaristas. Eleições, reeleições, votos, pesquisas de intenção, plataformas, projetos, orçamentos, relatórios, prestação de contas etc. podem ser resumidos a resultados. Uma nação julga ter bem empregado seus recursos, através de números e resultados. O mercado de trabalho, que deveria ser o aferidor dos bons resultados educacionais, foi tornado também utilitarista através de um equivocado aforisma axiomático: “o mercado de trabalho é quem deve separar o joio do trigo”. Bobagem, a afirmação, em si, rescende ao utilitarismo presente no fordismo, no liberalismo econômico e aquiesce o princípio da seleção natural.

O ruflar de asas:
A partir de Descartes, o mundo, em geral, tornou-se refém de um modo de pensar totalmente matematizado. Tudo obedece a padrões impostos, a fórmulas escorchantes, a cânones, a tabelas, a gráficos, a eixos de abcissas e ordenadas. A proposta educacional iluminista focou-se em criar virtuoses e culminou na crueza de um positivismo, onde tudo é pesado, medido, avaliado. A modernidade, ao invés de banir o disputatio do ensino escolástico, parece tê-lo potencializado. Tal recurso, em si mesmo, leva ao insulamento, proporciona o subjetivismo e, (por que não?) ao individualismo. Os alunos competem entre si, porque o sistema assim o exige; o mercado de trabalho também. O método educacional pautado no pensamento de Descartes, muita embora se revista com trajes de ensino coletivo, acaba por agredir a coletividade.

O pensar cartesiano deve ter inspirado Darwin: only the strong survive. A teoria de seleção natural é filha bastarda da proposta cartesiana. A proposta educacional da modernidade é excludente: através de valores matemáticos enaltece uns e estigmatiza outros, separando bons e maus. Mas o que são bons alunos? Ou melhor: quais são os bons alunos? Percebo que mentes teoricamente brilhantes nem sempre apresentam o mesmo brilhantismo na prática. O que está em questão, afinal? A capacidade de armazenar dados? Ora, a educação não se restringe a memorização. E o que seria um bom docente? A capacidade de transmitir o maior número de dados ao maior número de alunos? Evidente que não. O que fica bastante óbvio é que as propostas educacionais, que visam à melhora do ensino, fixam-se simplesmente em eventos consequenciais. Isso explica a luta inglória.

Acredito que novos projetos devem se voltar a superar a origem do problema, perscrutando em seu cerne a fonte do mal entendido - um proto-equívoco - que repercute hodiernamente na educação ocidental.
Até o presente, nada fizemos além de modificar os fatos para adequá-los a uma teoria; é chegada a hora de banir a teoria. Se hoje fosse convidado a definir educação, eu diria: Educar é aparar as asas da vovó borboleta!

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