quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Viva Odorico




Certifico-me, a contragosto, que a vida imita a arte e não o contrário. Sim, e posso prová-lo. Eis a arte em toda a sua originalidade: Em meio a obra de Dias Gomes, dramaturgo brasileiro, há que se destacar a peça de teatro “Odorico, o Bem Amado”, que estreou no Recife em abril de 1969. Odorico, personagem central, caricato do político tipicamente corrupto e demagogo, conseguiu eleger-se prefeito com a promessa de que construiria um cemitério na cidade de Sucupira. E a promessa foi cumprida. Mas o que celebrizou Odorico Paraguaçu - haja vista a criação de versões para a TV e cinema - foram seus discursos repleto de tropeços, de neologismos absurdos; uma verborragia canhestra e divertida. Bem, na inauguração do cemitério, Odorico não poupou fôlego e criatividade para dar espaço a sua retórica vazia.

Eis a vida que imita a arte: Os advogados de Lula solicitaram liberdade para que ele pudesse comparecer ao velório do irmão. Acontece que Lula nunca foi a velório de nenhum de seus irmãos. A oportunidade teria outro foco, pois além dos discursos empolgados que visariam desmoralizar o governo atual e falar mal da Operação Lava-Jato, coisa típica de Odorico Paraguaçu, corria-se o risco de seguidores fanáticos tentarem libertá-lo, pois no Tweeter, Gleise Hoffmann fazia uma convocatória para que seus asseclas de partido se encontrassem no cemitério. O pedido, no entanto, foi negado; a defesa recorreu ao STF que, na pessoa de Dias Toffoli, concedeu o pedido, desde que o apenado pudesse encontrar-se somente com familiares, em repartição militar, longe da imprensa e de correligionários políticos. Lula não aceitou; afinal quem é Odorico, ou melhor, Lula sem seu público desvairado? Mas nem por isso deixemos de nos divertir. Ligai vosso aparelho de TV: neste momento, no cemitério, estão discursando Gleise Hoffmann e Fernando Haddad. Muita embora a ausência de Odorico, isto é, Lula, o teor dos discursos é o mesmo: falácia, logro, embuste, sofisma, insensatez, cinismo, incoerência e uma dose cavalar de estupidez.

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