quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Uma pátria a beira da extinção

 

Pasmai, mas tudo teve início com o incômodo causado pelo lucro da classe (burgueses, habitantes dos burgos) rechaçada por um sistema em franca degradação (o feudalismo) e obrigada a habitar cidades costeiras. Enriquecimento de antigos servos? Que absurdo! Não, isso nunca! A propriedade precisava ser extinta e todos os bens tornarem-se coletivos. O grande incomodado, então, resolveu “inventar” um novo modelo econômico; na verdade só fez resgatar (uma banal adaptação) o sistema que fora abandonado em 1789. Sim, ele criou o Feudalismo de Estado, ou se assim desejais, o Feudalismo Estatal, que a fazer uso de um recurso eufemístico, passou a atender pelo nome de Socialismo Científico. Agora sim, o Estado como único senhor; tudo o mais a seu serviço e a ele submetido. Bem, pelo menos esse foi o discurso.

E o trabalhado discurso, ao declarar importar-se com o trabalhador, na verdade explora muito bem a imoralidade ou amoralidade humanas. O palavreado “nada” fastidioso vitimiza todo e qualquer trabalhador, retirando dele qualquer responsabilidade. A sociedade vê-se polarizada; patrões e empresários transformados em algozes, déspotas, tiranos. Já que não mais responsável por nada, o mérito deixa de ser levado em conta; os fracassados vêm-se contemplados. Preguiçosos, oportunistas, exploradores, os carentes de honradez e aqueles nos quais abunda a má fé aí encontram acolhida. O Estado, com seu viés explorador, entretanto, favorece um reduzido número de militantes (dirigentes), enquanto é aclamado pela massa que julga ter seus interesses contemplados.

A coisa dissemina-se: educação e cultura contaminadas. A contra cultura, na verdade é uma anti cultura. Em se tratando de Brasil, a vitimização invade os bancos escolares. O que temos, enfim? Uma massa de analfabetos a exibir diplomas de curso superior. Pior! Conheci grande número de “professores” militantes, imersos em uma insuportável vaidade, a ostentar títulos de pós graduados, inclusive PhD, Philosophy Doctor. Meu Deus, o que fizeram com a Filosofia! Paramos aí? Lógico que não. Parece-me estar tudo contaminado. Não só a educação, a cultura, a política... Mas as relações, as expressões artísticas, a ciência, a informação, a mídia... Em tudo está presente o viés ideológico.

A linguagem está sendo corrompida. Alguns termos, verbetes, a serviço do Feudalismo Estatal, estão “perdendo” significados e incorporando outros. Os crimes, por exemplo, tem origem (assim declaram) na sociedade; os criminosos não devem ser responsabilizados e sim a sociedade que os abriga; criminosos são vítimas. E para citar um caso específico de corrupção idiomática: o delinquente, mesmo que preso em flagrante e/ou réu confesso, continua a ser tratado por suspeito. Será que faz-se necessário consultar o conceito de suspeição? A ciência jurídica (ciência?) assimilou um cínico viés, pois sacripantas comunistas tornaram-se ministros da Suprema Corte. O Direito, enquanto disciplina, acabou por se transformar em compêndio. Explico-me! A Constituição, os Códigos Civil, Penal, Trabalho, etc. estão à mercê de inúmeras interpretações, dependendo logicamente dos valores e interesses dos “magistrados”.

Em face do exposto, pergunto-vos: o que se pode esperar de um país como esse?   

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Transliteração emotivo-educacional

 

Parece-me que o problema aqui tratado é de cunho educacional; talvez vá um pouco mais longe. Pergunto-vos: será que o demasiado zelo demonstrado pelas mães a seus filhos é benéfico? As crianças recém nascidas choram e os pais (pais e mães) correm para suprir as possíveis demandas. Seria isso saudável? Ora, essas mesmas crianças, quando adultos, usam as lágrimas como recursos, porque a elas estão acostumados. Papais e mamães continuam a tratar seus filhos, mesmo depois de crescidos, como se ainda tivessem vida intrauterina. E o ser humano a isso se amolda; ele desenvolve a pieguice, o apelo sentimental, a autocomiseração... Vou mais longe: socialmente, a partir da não realização dos desejos, o ser humano desenvolve “traumas”. Poxa, que lástima! Mas ainda pode piorar: seres humanos transferem ao Estado a responsabilidade por seus fracassos e passam a viver às custas de “programas sociais”. Lamentável!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Novos conceitos

 

A - Nilo Peçanha, patrono da educação profissional e tecnológica do Brasil, teve como formação a Faculdade de Direito de Recife, em 1887 (antes da abolição) e a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Este negro foi presidente do Brasil de junho de 1909 a dezembro de 1910, após o falecimento de Afonso Pena. Isso foi bem antes dos discursos de Martin Luther King e de Barack Obama.

B - José do Patrocínio, foi farmacêutico, escritor, jornalista, orador e ativista político. Figura de destaque para este negro no movimento abolicionista. Sua formação? Faculdade de Medicina, UFRJ, em 1874 (antes da abolição).

C - Machado de Assis, escritor brasileiro, negro, considerado por críticos e estudiosos como o maior nome da literatura brasileira. Além de romances e contos, também escreveu crônicas, poesias, peças de teatro e críticas literárias. Em suma: um gênio!

C - Lima Barreto, outro grande nome da literatura brasileira, nascido em 1881, jornalista, também negro, que publicou romances, contos, sátiras, além de uma vasta obra em periódicos anarquistas.

E - Edson Arantes do Nascimento, Pelé, o Rei do Futebol e considerado o maior atleta de todos os tempos. Em 1973, conduzido por Henry Kissinger, ele foi recebido pelo então presidente Richard Nixon na Casa Branca. Também em 1973, foi recebido por Ernesto Geisel em Brasília. Em 1975, mais uma vez chegou à Casa Branca, desta vez recepcionado por Gerald Ford. 

Poder-se-ia ainda falar em expoentes da música popular brasileira como: Milton Nascimento, Djavan, Emílio Santiago, Luiz Melodia, etc.

Todavia, está na moda - trata-se de um novo conceito - encher a boca para falar de “Racismo Estrutural”; até projetos de lei tiveram este dito engenhoso como supedâneo. Entendem que o racismo é algo enraizado; que faz parte da construção, da organização de nossa sociedade. Será? Todavia, os que se consideram vítimas do Racismo Estrutural parecem olvidar um outro conceito: a Hipocrisia Cultual! Racismo Estrutural e Hipocrisia Cultual andam pari passu. A todos vós que ainda desconheceis este novo preceito, esclareço: existe muito empenho na vitimização; falsidade e fingimento são impostos, pois são partes do mesmo processo. Aqueles que propagam esta nova máxima, muito embora não crerem no que divulgam, assim o fazem visando apenas atender aos próprios interesses e a imperativos ideológicos. Afinal, ideologia é algo a ser cultuado.

E para encerrar meu breve discorrer sobre esta “Estupidez Estrutural”, apresento-vos mais um dos novos conceitos: o Negrismo, ou seja, ideologia que busca controlar e/ou manipular todos os negros, principalmente aqueles que não aceitam se declararem vítimas.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Minoria

 

Hoje, nós, homens, gênero masculino, pessoas cisgêneras, somos vítimas de uma perseguição implacável do movimento feminista. Até mesmo as estruturas sociais advindas de um discorrer histórico recebem rótulos de “machistas”. Mas, honra seja feita, grande parte do gênero feminino não compactua com os delirantes arremedos da dita “conquista social”. E como exemplo desta dissidência, passo a transcrever um breve trecho de Camille Paglia, à página 66, de seu livro Campeã & Vadias. “O que as feministas chamam de patriarcado é simplesmente civilização, um sistema abstrato concebido pelos homens, mas aumentado e agora co-possuído [sic] pelas mulheres. Como um grande templo, a civilização é uma estrutura neutra quanto ao gênero que todos deveriam respeitar. As feministas que tagarelam sobre o patriarcado se auto-exilaram [sic] em choças de palha”.

E haja palha; e haja choça!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Ciências efêmeras

 

Em meados do século XIX, surge na França o cientificismo (coisa de francês). O cientificismo afirma a superioridade da ciência sobre outras formas de compreensão humanas. Alguém, cujo nome não me recordo, declarou que bastaria seguir os preceitos da ciência para que a humanidade fosse feliz.  Fomos? Somos? Seremos? Muito pelo contrário, a ciência parece ter causado e estar a nos causar inúmeros problemas. Bem, mas em decorrência desta visão científico-ideológica, os demais saberes buscaram “atualizar-se”. Então fizeram da filosofia uma ciência, o que se opõe à própria filosofia. E as disciplinas até então vinculadas ao estudo filosófico também experimentaram uma dita “independência” e se autodeclararam ciência. A sociologia tornou-se uma “ciência social”, assim como a psicologia. Resumindo, o que não era considerado ciência exata ou natural assimilou a alcunha de “ciência social”.

Destarte, passamos a conviver com o risível (quiçá o deplorável). Sim, a psicanálise fez-se ciência. Já percebestes que pessoas carentes de atenção adoram uma sessãozinha de psicanálise? O que é o estresse? A meu ver trata-se da luta pela vida. Ansiedade é querer superar possíveis obstáculos. Depressão é arrependimento por escolhas mal feitas. O que são a neurastenia e a histeria, afinal? Percebo certa similaridade entre os sintomas. Hodiernamente, tais “doenças” parecem ter sido esquecidas. Modismos? Vejamos o que nos diz Martin van Creveld, à página 307, de sua obra O Sexo Privilegiado: “A história dos diagnósticos nos últimos dois séculos indica, com alto grau de certeza, que doenças mentais são só rótulos criados para qualificar as queixas dos pacientes, conforme o conjunto de ideias em circulação numa certa época e lugar”. 

domingo, 3 de dezembro de 2023

Coincidências?

 

Depois de célebre epidemia e as respectivas vacinas que tiveram por objetivo o controle populacional, A Nova Ordem Mundial prepara-se para dar mais um grande passo. Agora parece ter chegado o momento culminante: a superação dos pilares de nossa civilização. Explico-me. O mundo ocidental foi erigido sobre três pilares: a Filosofia Grega, o Direito Romano e a religião Judaico Cristã. Pois bem, o Globalismo, que propõe a convivência entre todas as manifestações e ideologias, visa superar a Filosofia Grega. O Comunismo, por sua vez, como ordem econômica estruturada sob ideias do igualitarismo e de propriedade comum, pretende mudar os rumos do Direito Romano. Já o Islamismo, corrente político ideológica fundamentado na religião Muçulmana, quer subjugar o pilar Judaico Cristão. Exagero? Seria excesso falar em notória perseguição às religiões? No Brasil tudo está muito transparente. Vejamos! O globalismo tem como representante Geraldo Alckmin, o comunismo tem como expoente Lula... e o islamismo?

Não é de hoje que Lula vem mostrando grande “admiração” por líderes muçulmanos. Discordais?! Senão vejamos: Em 2002, Lula foi acusado de receber US$ 1.000.000,00 do revolucionário líbio - na verdade um sicário - Muamar Gaddafi, a título de “auxílio” para sua campanha presidencial. Em 2009, Mahmoud Ahmadinejad, ditador iraniano, foi recebido por Lula em nosso país. Creio que nosso presidente tem uma vertente filoterrorista. Pois bem, no início do atual governo, navios de guerra do Irã estiveram atracados em portos brasileiros, apesar das críticas do governo norte americano. Logo o Irã que treina e financia o Hamas! Coincidência? Os terroristas do Hamas atacaram Israel justamente quando o Brasil estava chefiando o Conselho de Segurança da ONU. Coincidência? Brasileiros ligados ao Hesbollah foram presos - recém chegados do Líbano, dias antes da agressão a Israel - suspeitos de articularem ataques terroristas a templos e sinagogas no Brasil. Coincidência?

Então Lula e seus prepostos vieram a público fazer críticas à Israel, porque o exército israelense contra-atacou os terroristas do Hamas que sequestraram a população civil. E como se não bastasse, nosso dileto presidente condecorou o embaixador da Palestina com a Ordem do Rio Branco. Bem, no momento ele faz um tour pelo Oriente Médio. É bom lembrar que Mohammad bin Salman, príncipe da Arábia Saudita - aquele que presenteou Bolsonaro com joias - acusado de assassinar um jornalista dissidente, de não respeitar direitos humanos, de intolerância religiosa e de segregação contra mulheres e homossexuais, recebe amiúde visitas de Lula. Amor ou amizade? 

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Da Facilidade

 

Talvez seja este o polinômio mais cultuado por seres humanos. Senão vejamos: Facilidade, a intenção ou tendência por fazer algo sem muito trabalho; nada de esforço. O termo envolve também condescendência, o que, de certa forma, implica alguma leviandade. Na busca por sinônimos deparamo-nos com a comodidade. E a vida cômoda é assaz procurada. Esse atípico “bem estar” é até mesmo objeto da ciência (ciência?) ou seria apenas tecnologia? A técnica, de fato, se volta a oferecer comodidades. Poxa, que bom! Mesmo? Os aplicativos afastaram os seres humanos de um conviver saudável. A tecnologia busca isolar os seres humanos, e não só em nome da comodidade, mas também no aventar de pretendida “segurança”.

Hoje podemos assistir peças teatrais, filmes e musicais no conforto de nossos sofás; compramos a boa comida e a inebriante bebida teclando nossos aparelhos celulares; visitamos museus, bibliotecas, lugares os mais longínquos abrigados por nossas paredes; hoje consultas médicas são realizadas de modo virtual; o porteiro eletrônico nos afasta da convivência que julgamos incômoda; realizamos pagamentos, transferências, empréstimos, etc. através de aplicativos instalados em nossos telefones; documentos já podem ser exibidos e enviados virtualmente; pessoas há que se divertem com os jogos disponibilizados por aplicativos; crimes são praticados com o aporte da tecnologia... A lista é extensa.

Pelo exposto, percebemos claramente que a facilidade não só afasta, mas também isola seres humanos. A comodidade conduz ao insulamento e, em seu último estágio, consagra o individualismo. A crescente violência entre pessoas, assim me parece, é originária deste estimulado individualismo. Pergunto-vos: Onde a descrita facilidade proporcionaria o abraço, o afago, o sorriso? Onde a humanidade, a solidariedade, a abnegação? Podemos e/ou devemos confiar em amigos virtuais? A virtualidade, por si mesma, é embaraçosa, é recurso desajeitado, canhestro. Bem, para encerrar, faço minhas as palavras de Frank Chuca: “Nos sentimos confortáveis com a comodidade e as facilidades da modernidade, mas a profundidade da nossa alma sente a falta das coisas orgânicas e genuínas”.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Sedução e sofisma

 

A sedutora sempre se diz seduzida: esse o sofisma praticamente imposto por mulheres, sociedade, mídia, judiciário, redes sociais, ideologias de esquerda, etc. Mas Sérgio Sá, compositor da canção “Eu me Rendo”, de 1981, sucesso de Fábio Júnior, já nos revela um pouco deste artifício escabroso. Permiti-me, portanto, reproduzir partes da poesia e tecer alguns comentários (entre parêntesis) de somenos importância.

 

“Aonde foi parar aquela menina, (de fato, fazer-se menina é parte do ardil)

Que me cantava quase toda noite,

Jogando ao vento, palavras, olhares,

Sorrisos e pernas. (Creio que muitos já passaram por situações semelhantes)

 

Telefonemas de duplo sentido,

Que me deixaram de calo no ouvido, (Seria exagero?)

Daquele jeito assim de respirar

A fim de me afogar de paixão e desejo.

 

Fiz o possível pra não dar bandeira,

Até pensei que não era comigo, (Se fugir ela inverte o jogo e demoniza a caça)

Mas você foi mais e mais se chegando

E apertando o cerco. (Por vezes, a sedução é apenas um meio para alcançar um fim espúrio)

 

Usando todas as armas

Que sabe usar uma mulher,

Quando quer. (Porque quando não quer, o homem não tem como se aproximar)

 

Pois então vem, completa agora seu feitiço,

Vem, não faz essa cara de quem não tem nada como isso.

Vem, para como esse papo ‘De que o que é que eu fiz?’ (O cinismo também é protocolar)

 

Faça o que quiser, eu me entrego, (parece não haver saída)

Mas me faça feliz”. (Pobre do Daniel Alves e tantos outros)

 

 

PS: Uma pergunta: O relatado na canção não seria assédio?

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Prima causa


Na verdade, procuro por uma justificativa plausível para o ativismo feminista. Qual seria a origem desse movimento que vem se revelando, a cada dia, mais e mais inconveniente, embaraçoso, obscuro? O que as feministas querem, enfim? Igualdade ou privilégios? Parece-me que estes são termos excludentes. Seria o feminismo uma espécie de doença? Afinal, doenças, preferencialmente femininas, vêm se sucedendo com o passar do tempo. Comecemos pela neurastenia e histeria, na verdade, buscas por realização emocional. A anorexia, em alta na Belle Époque, serviu como mecanismo de controle às famílias, principalmente pais e mães. Pergunto-vos: será que fabricadas realidades influenciam estereótipos? Depois da histeria veio a esquizofrenia, que na Grã-Bretanha foi considerada a “doença feminina paradigmática”. E, por favor, não venhais falar-me acerca da psicanálise como forma de tratamento, pois que tal recurso não passa de ... digamos, “networking”.

Nada obstante, entendo que culpar a anorgasmia feminina seria leviandade; essa inibição recorrente parece-me apenas parte de algo maior. Pode ser também uma consequência... Mas, o quê? Seria um sentimento negativo, algo como inveja? Ora, a inveja é o desejo de possuir o que o outro tem, e geralmente vem acompanhada de ódio pelo possuidor. Bem, na atualidade, o gênero masculino é sobremodo odiado. Inveja dos homens? Será porque o homem tem mais força física, suporta melhor as condições negativas de um trabalho pesado...? Ou será que a mulher tem inveja do falo? O desejo de ter um pênis causaria reação psíquica negativa nas mulheres, fazendo com que elas se sintam inferiores? Seria esse o motivo que fomenta essa fuga da feminilidade? Sim, os homens são tomados por inimigos, haja vista que a moda agora é o assédio, e o assédio sexual - pasmai - nada mais é do que desejo por reconhecimento.

Bem, a prima causa parece ser mesmo a inveja do pênis. Isso explicaria o porquê das feministas enxergarem a normalidade biológica como sofrimento; a saúde é uma doença. Não, elas não querem menstruar, ter fertilidade, etc.; elas querem ter pênis. Então podemos entender a anorgasmia que acomete a maioria das mulheres, e para isso faço minhas algumas palavras de Simone de Beauvoir, em seu Oráculo do Feminismo: “O ressentimento é a principal causa da frigidez feminina; a mulher pune o homem na cama por todos os erros que ela suportou. [...] A frigidez parece ser uma punição que a mulher aplica tanto a si como ao parceiro; com o ego ferido, ela se ressente contra o homem e contra si própria, negando o prazer a si mesma”.  

Eis aí a origem do ativismo feminista. O movimento implodirá? Creio que sim, até porque grande parte das mulheres discordam das feministas. Aos homens o meu conselho sine pecunia: mantende-vos cavalheirescos, atenciosos, românticos. As qualidades taxadas de machistas, chauvinistas, etc. pelas radicais, são as que mais lhes fascinam.   


domingo, 12 de novembro de 2023

Dimorfismo de caráter

 

Once upon a time... Comecemos de modo chique porque o assunto merece destaque. Então vamos lá: era uma vez um casal de pavões. Em linguagem neutra falar-se-ia em pavês (risos). Pavê, pelo que me consta é um doce bem brasileiro, apesar da inspiração francesa. Por favor, desculpai-me a divagação. Voltemos aos pavês, digo, ao casal de pavões. Ele belíssimo, com seu pescoço azul e de dorso policromado; quando abre a cauda então... Ela, nem tanto, de pescoço verde e o corpo acinzentado. Todavia, a beleza de Antônio - esse é seu nome - não o torna um arrogante; ele busca ser atencioso, cavalheiro, abrir a porta do carro (se tal carro existisse), pagar a conta do restaurante quando leva sua pavoa (nada de patroa) Jezabel, ou, como ele costuma chamá-la, Isabel - ou ainda Isa - para jantar (se é que tal circunstância é possível). E justamente esse seu cavalheirismo fez com que assimilasse a fama de machista. Desculpai-me outra vez, mas (risos)... nossa breve historinha origina-se exatamente por conta dessa fama imposta.

Muito embora as facilidades proporcionadas pela sociedade pavônica (na verdade uma poáia), às suas fêmeas, elas deram início a um clamar por igualdade. Igualdade? Afinal sempre foram privilegiadas. Os machos é quem as sustentam e as cercam de mimos, paparicos, cuidados. O único esforço que elas fazem é pôr seus ovos; depois é só cuidar dos rebentos, auxiliadas, evidentemente, pelos respectivos pares. A força física dos machos os colocam em destaque, é verdade, mas em compensação são sempre mais visados. Os trabalhos mais perigosos e insalubres ficam por conta dos machos; somente os machos vão às guerras. Quando em situações de perigo, as fêmeas sempre são protegidas. O código de leis que rege a poáia beneficia em muito as fêmeas. A expectativa de vida dos machos é menor que das fêmeas. Por morte do marido elas não ficam desamparadas (refiro-me a seguros, pensões, etc.)

Creio, se assim me for permitido, ser justamente essa gama de regalias a responsável pelo vindicado “empoderamento” das pavoas. Na verdade, elas não querem tratamento igualitário, elas não querem fazer o trabalho pesado, o trabalho sujo. Algumas pavoas, a título de experiência (algo a ser louvado), na tentativa de desenvolverem trabalhos pesados típicos de machos, experimentaram o desgaste, o estresse, a ansiedade e, lamentavelmente, voltaram-se à bebida e ao cigarro. As pavoas ativistas não querem isso; elas querem os bons empregos, os lugares de destaque, querem dominar, sujeitar os machos pavões; em suma, querem ser patroas. Elas clamam por uma sociedade de pavoas amazonas. (Será o Benedito? Desculpem-me a falha, Benedito é um sapo, personagem de outro conto).

Bem, agora falemos sério (se é que há alguma coisa de sério nessa crônica). Eu não colocaria a culpa num dimorfismo sexual ou biológico. Ide desculpando-me, mas entendo que a inveja é o mainstream das ditas peripécias pavoáticas. Pavões com seus corpos esbeltos, belos, de inegável maior força física, bem dispostos, dorsos bem torneados, policromados, com caudas que inspiram predicados como amazing só fazem estimular um certo desgosto nas pavoas (dimorfismo de caráter?) Só lhes resta, então, tentar subjugar os que, por natureza, atendem melhor ao imperativo proposto. E quando elas conseguirem a dita supremacia, se é que vão consegui-lo, haverá uma premiação mensal para a pavoa que mais se destacar: uma noite com o pavão mais charmoso do pedaço.

sábado, 11 de novembro de 2023

Libertatem? Ne sero quidem*.

 

Falemos de liberdade. Como é bom batermos no próprio peito e declarar: Somos livres! Mas o que é ser livre? Reformulo a pergunta: O que é ser livre na sociedade? Fazer o que quiser? E onde fica a responsabilidade? Será que o direito de ir e vir, característica das democracias (mesmo que relativa como a nossa) nos permite invadir propriedades alheias? Liberdade é sinônimo de indisciplina? Por definição, a liberdade, um direito constitucional, implica respeitar a liberdade de outrem e dentro dos limites da lei. Ou será que falamos da liberdade da raposa no galinheiro? Atentai, vós libertários! Liberdade ampla, geral e irrestrita é somente para ditadores. Existem leis que regem até nossas ações. A fazer uso de uma metáfora: somos aquele cãozinho que sai para passear com seu tutor. Quanta alegria poder andar pela rua em companhia do dono, mas... estamos presos à coleira.

Em verdade, só somos livres em pensamento. Não permitamos, pois, que nossa reflexão seja moldada, violada, violentada. Hodiernamente, há um protocolo assaz empenhado em nos impor a liberdade, ... mas esquecem-se os doutrinadores que a liberdade imposta fere a liberdade em si.

 

* Liberdade irrestrita? Nem mesmo tardia.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Jezabel como exemplo

 

A nada atual vitimização da mulher levou-me a escrever esta breve crônica. Sim, falo em nada atual pois, muito embora meus parcos conhecimentos mitológicos, sou levado a questionar algumas narrativas míticas. Vejamos: Tirésias ficou cego porque, casualmente, viu Atenas despida; Actéon, por ter observado Ártemis nua, foi transformado em um cervo e devorado por seus próprios cães. Medéia, todavia, esquarteja o irmão e joga os pedaços no mar, ajuda o esposo Jasão em sua fuga e, tomada por incontrolável crise de ciúmes, mata seus dois filhos, a segunda esposa do marido e o rei de Corinto. Qual a sua punição? Nenhuma! Foge em uma carruagem gentilmente oferecida por Hélios, o deus do Sol.

A Bíblia, outrossim, apresenta-nos a personagem Jezabel, mulher sidônia, casada com Acabe, rei de Israel. Acabe, muito embora bem sucedido política e militarmente, manifestava enorme fraqueza moral. Então Jezabel, pessoa de personalidade forte, dominadora, arrogante e vaidosa, fez o que quis. Em verdade, foi ela quem governou Israel, a ponto de desafiar o profeta Elias e o próprio Deus. E qual a semelhança com os dias atuais? Simples, assim como depois de Davi e Salomão Israel conheceu a idolatria, a degradação moral, os dias de hoje mostram-se repletos de “Acabes”, ou seja, chefes de estados bem ou mal sucedidos política e militarmente e sem quaisquer resquícios de, sequer, uma primitiva moralidade.

Então abundam as “Jezabéis”.  Oportunistas, maquiadas de feministas, ocultam suas piores facetas e reivindicam “direitos” que facilmente lhes são concedidos, graças a construção de narrativas e apelo ao politicamente correto. Legisladores, juristas, jurados e magistrados ainda aceitam, quando em face da violência feminina, argumentos como “Síndrome pré-menstrual”. Mas os homens colaboraram com o dito processo, não só pelo fracasso moral, mas também por permitirem-se emascular. Será que ainda há tempo para uma reviravolta? Por onde andam os verdadeiros estadistas? Onde foram parar os princípios, os valores? O que fizeram da integridade, da honestidade, da justiça? Nós, homens, devemos reassumir nossa original masculinidade. Isso só basta!

A título de conclusão, volto à narrativa bíblica: Jezabel, além de insepulta, foi devorada pelos cães. Cuidai, portanto, vós feministas, pois vosso portentoso discurso, embora ruidoso, está fadado ao fracasso. E haja cães!

domingo, 29 de outubro de 2023

Quimera


E o texto tem início a nos interrogar: vivemos, de fato, em um mundo real? Por vezes, e não poucas, vejo-me imerso em desvarios, ficções, delírios, veleidades. Estaríamos a experienciar a caverna platônica? ou quem sabe a Matrix? O surreal é quem conduz tal questionamento. Vejamos! O que se nos apresenta como realidade parece começar com propositais e perfunctórias observações. Da parcialidade, então, surgem premissas que, indutivamente, irão estabelecer sofismas com o status de axiomas. Está criada a falácia! Falácia do politicamente correto, da homofobia, da violência contra a mulher e tantas outras. Curioso é que o auxílio da falácia revela inconteste empenho em apontar vítimas; a falácia, como recurso espúrio, e aliada a ideologias, vitimiza malfeitores, crápulas, terroristas, tornando-os heróis. Uma observação: o discurso enganoso manifesta patente desprezo por valores e princípios. E não são poucos os que assimilam tais discursos, muito embora não outsiders, como no caso da grande mídia.

Mas a falácia, aliada a ideologias e à mídia, interfere até mesmo na ciência. Será possível? Observemos! A falácia “cria” epidemias, ou até mesmo pandemias. E já que nos voltamos aos conhecimentos científicos, por que não mostrar a verdadeira “cara” desta inventiva? Inventiva?! Por que o espanto? Analisemos, pois! A mitologia grega nos fala em Pandora, uma belíssima mulher que a todos encanta e seduz, colocada entre os seres humanos para puni-los. Punidos porque se propuseram a pensar, diga-se de passagem. Pois bem, essa mulher traz na mão uma caixa que, quando aberta, esparge todo o tipo de malefício para a humanidade. Na tampa da caixa algo fica preso: a esperança! Retornemos, então, às ciências. Eis nossa caixa de Pandora! A ciência seduz, encanta, maravilha, haja vista a TV, o rádio, o aparelho celular, o computador, que nos manipula e vigia. Não olvidemos os aviões, lanchas e carros velozes, bem acordes com nosso individualismo exacerbado. A indústria de cosméticos atende à nossa vaidade. Todavia, não esqueçamos das bombas que destroem cidades inteiras, das armas de destruição em massa, das armas químicas, da devastação de florestas e perfuração de poços de petróleo, a título de insumos para um requestado desenvolvimento. Não deixemos de lado a imagem das chaminés lançando toneladas de poluentes em nossa atmosfera, da indústria alimentícia que, a visar somente o lucro, busca nos entupir com produtos químicos e da indústria farmacêutica que, com auxílio da falácia e aliada a ideologias, busca a aprovação do aborto, porque fetos são fontes de insumos para seus experimentos e medicamentos.

Eu poderia alongar-me, contudo deixo-vos à vontade para melhores detalhamentos. Sim, só mais uma pergunta: E a esperança presa à caixa de Pandora? Infeliz ou felizmente, conhecimentos científicos não têm tampa, portanto, não há esperança!  


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Atemporal


E a sugestão é escrever. Sim, foram várias as pessoas que exaltaram a escrita como forma de combater dias ociosos e, consequentemente, angustiantes. Gosto muito de escrever; tenho prazer em fazê-lo. Bem, o ato de escrever, como verbo transitivo, é dirigir-se a alguém por escrito; enquanto verbo intransitivo, busca representar o pensamento por meio dos caracteres de um sistema. De um modo geral, a escrita dá forma a pensamentos. Não obstante, um breve detalhe reclama minha atenção: E se o (s) destinatário (s) não mais tiver (em) interesse no que está sendo escrito? Nesse caso, o verbo transitivo não alcança seu objetivo. Pergunto: Será que o compositor faz música ou canções para si mesmo? E o artista plástico? será que pinta telas para sua única apreciação? E o dramaturgo? compõe peças para o próprio deleite?

Perdoai-me os veros amigos; agradeço sobremodo as sugestões. Todavia, percebe-se que, atualmente, por mais conciso que seja o texto, mesmo quando publicado em redes sociais, terá como resposta apenas, e não raramente, um emoji, isto é, um ideograma: a atual herança nipônica. As pessoas parecem ter medo, receio ou algo que o valha; não querem se comprometer ou seria falta de tempo? Talvez, (quem o sabe?), o politicamente correto pode colocar mordaças; uma democracia “relativa” como a nossa pode propor censuras. Contudo, o “fenômeno” da não-interação está presente também nos vídeos; as mensagens devem ser curtas, com no máximo 30 segundos. Que relação anômala é essa que as pessoas estabeleceram com o tempo? Meu Deus, quanto de cômica atrocidade há nesse meu discorrer! Mas o que se esperar de um povo que nunca foi ouvido? Segundo Umberto Eco, as antigas conversas de bar migraram para as redes sociais. Ainda sobre a frase do escritor, prefiro entender o termo imbecil como alguém parvo, tolo.  

Com isso, os dias de ócio se somam, se avolumam. Um novo trabalho? Onde? Como? O politicamente correto pervadiu os editais. Como minha oferta de tempo supera a demanda, dispus-me ler certo edital. Tratava-se de emprego em navios mercantes. E de início eram abordadas as vagas destinadas a negros, em seguida as vagas destinadas a deficientes e, por fim, as vagas destinadas a transgêneros. Pergunto-me pelos critérios para avaliar deficientes no que tange aos exames físicos (corrida e natação). Enfim, o que o edital me sugere é que o mérito fora proscrito, lançado ao ostracismo. Apesar da preocupação em atender a demanda, senti-me um discriminado: eu não poderia inscrever-me para o tal concurso, haja vista minha idade e por receber uns trocados a título de aposentadoria. Estaria eu sendo vítima de etarismo?

Certo primo, ao tomar conhecimento da minha indignação acima descrita, declarou-nos "Intrusos Temporais", ou seja, Cidadãos Extemporâneos; uma Geração de Serôdios.   


sábado, 8 de julho de 2023

Algaravia

 

Certa senhora chamou pelo seu cão: “- Ferrugem!” E o animal fez-se presente a emitir um sonoro “Au-au”, enquanto abanava a calda. A mulher, a desfazer-se em mesuras e carícias ao mastim, acrescentou: “- Que animal inteligente; ele até me responde!”  De outra feita, a senhora deixou cair água sobre o dorso do cão. Rapidamente o acariciou e fez a pergunta: “- Perdoas a mamãe?”. O cão, ainda a sacudir o corpanzil emitiu um pálido “Au-au”. A mulher, então, emitiu mais um parecer: “- Que maravilha: ele me perdoa!”. Dias mais tarde, sem oscilar a cauda, Ferrugem pôs-se a latir para alguém que passava pela rua; foram repetidos “Aus-aus”.

Linguagem (idiomas em sua totalidade) é isso: a depender das circunstâncias, afinidades e estado de espírito dos interlocutores, as interpretações podem ser as mais variadas; palavras assumem os mais diversos significados. Pelo menos Ferrugem dispõe de um balouçar de cauda para corroborar ou não o que enseja expressar; poder-se-ia falar ainda em choramingos, uivos, rosnados. Seres humanos, portanto, deveriam falar menos, ou quase nada, ou melhor: nada.

Aqui poderíeis argumentar sobre o uso recursal das figuras de linguagem, ou seja, aquilo que dá ao texto um significado além de sua literalidade. Será? Ao afastarem-se da denotação, os termos assimilam a plurissignificação. Por exemplo: a metáfora é uma comparação assintomática; a metonímia estabelece sinonímia entre termos; a catacrese é a tentativa de resgatar um sentido original; a perífrase não vai além dos apelidos; a sinestesia aproxima-se do simbolismo. Outrossim, as figuras de sintaxe volta-se à construção de um texto, isto é, oculta, omite, repete. Isso sem falar na silepse que, na verdade, opõe-se à concordância.

Nada obstante, alguém mais intelectualizado poderia citar Nietzsche, pois o filólogo antes de ser filósofo, declarara que as metáforas expressam melhor sentimentos e/ou narrativas. Todavia, existem metáforas e metáforas, e a depender deste recurso a significação tornar-se-ia inda mais dissimulada. Enfim, ficai atentos, pois linguagem é sintoma de precariedade, de limitação, de subdesenvolvimento. A música expressa melhor os sentimentos do que as linguagens.  Atenção: Eu disse música, simplesmente música (melodia, harmonia e ritmo); não referi-me a canções, onde a linguagem é explorada do mesmo jeito caótico.

A escrita, talvez, quando bem trabalhada, possa fornecer algum bom lastro no exprimir de ideias ou impressões, mas ainda assim ficará a mercê de circunstâncias, crenças, sentimentos... Bem, nesse caso, desconhecei tudo o que aqui foi dito e lançai o presente texto em um magnífico monturo. Mas em silêncio! Chiu! Caluda!


sexta-feira, 30 de junho de 2023

Desafio

 

Certa operadora de telefonia lançou uma campanha. Diz-nos o slogan: “No dia dos namorados não envie mensagem; escreva uma carta!” Eis um primeiro desafio. Será que as pessoas ainda sabem escrever uma carta? Preocupo-me sobretudo com as recentes gerações. Sim, minha pergunta é assaz pertinente. E estou longe de exigir linguagem escorreita; refiro-me apenas à singela união de sujeito, verbo e predicado... Outro desassossego: Serão os jovens capazes de expressar sentimentos? Ficariam tais declarações afeitas somente à terminologia esdrúxula tão comum nas redes sociais? Seriam os pronomes devidamente utilizados? Será que teremos, pelo menos, lúdicas concordâncias verbal e nominal? Ou vamos apenas atestar a hecatombe de uma língua outrora considerada bela e quase perfeita?

Um segundo desafio: cartas pressupõem seus respectivos envios. Será que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ainda faz uso de tal prática?     

Perversão idiomática

 

A manipulação vocabular e a degeneração conceitual da linguagem são típicos de regimes totalitários. Se quiserdes exemplos da praticada degeneração, ei-los: democracia, direitos humanos, censura, liberdade, interpretação, conjectura, etc., etc., etc. O identitarismo, tão em voga nos dias atuais, ou seja, atribuir características para diferenciar (excluir, demonizar) alguém, independentemente se a dita pessoa exemplifica ou reúne tais atributos, é mero recurso ideológico. Modelos de identitarismo? Não vos esqueçais dos verbetes acrescidos de fobia. O termo fobia - do grego fóbos - por sua vez, tornou-se sufixo, praticamente abandonando a acepção original de medo, para assimilar cada vez mais o significado de aversão e/ou algo patológico. Seria esse o motivo pelo qual o abandono da leitura esteja sendo implementado, estimulado?

Politicamente correto, o que é?

 


Mais uma das muitas perversões idiomáticas, na verdade, ferramenta utilizada pela esquerda para corroborar o discurso (falácia) que diz lutar em defesa da dignidade de grupos tidos por desfavorecidos e/ou discriminados. Nele percebe-se claramente o ranço da doutrina de Gramsci, haja vista a interferência no plano cultural, de modo a estabelecer novos comportamentos e valores. A ferramenta objetiva a divisão da sociedade, que deve ficar polarizada, onde uns serão tidos por algozes e os outros vítimas. Os que se colocam contra tais recursos serão perseguidos sociopoliticamente a acumular adjetivos (objetos do identitarismo). A ciência jurídica está sendo utilizada para julgar e criminalizar os opositores desta marmota (artimanha). Os direitos humanos, por sua vez, nada mais são do que interpretações tendenciosas dos direitos fundamentais dispostos pela Revolução Francesa, aplicados neste mesmo contexto. Buscai, antes de tudo, observar as ações dos grupos que dizem-se defensores da dignidade, direitos e liberdades.  

Diagnose

 

Na falta do que fazer, ou melhor, ter o nada por fazer permitiu-me o desfrute de promissora ociosidade frente a TV. Notícias? Não, somente desgraças: assaltos, roubos, furtos, drogas, acidentes... Enfim, tudo que não deve fazer parte de um cotidiano saudável. Todavia, surpreende-me inda mais a carga comercial que alavanca e sustenta aquele repertório de deformações. Sim, a começar por removedores de sujeira. Depois vêm as fraldas para bebês. Algures, alguém oferece lanches, isto é, o mau hábito alimentar dos fast-foods. E em meio ao anúncio da rede que promete bons preços na aquisição de determinados presentes, surgem os divulgadores maquiados de ciência. Como? Explico-me! São oferecidas vitaminas, a reposição diária de energéticos; existem xaropes para todo tipo de tosse; creme dental com efeitos mágicos; o creme que hidrata o corpo, a pele; colírio para que os olhos não fiquem ressecados; aqueloutro promete acabar com as rugas, citando, inclusive, a lei da gravidade newtoniana. O mais curioso é que todos usam como recurso a descrição de seus componentes e respectivas atuações. Puxa vida, mas quanta informação! Ou seria protocolar desinformação? Estaríamos diante de verdades axiomáticas? Constato, e com grande pesar, que o discorrer científico auxilia na técnica de merchandising. Estariam as pessoas, de fato, interessadas em assimilar tais conhecimentos? Ah, e por se tratar de medicamentos, o aviso: “Em não desaparecendo os sintomas, o médico deverá ser consultado!” Pasmo, sou levado a identificar mais uma faceta da pós-modernidade: por conta da banalização da ciência, as pessoas não mais sabem viver sem um diagnóstico!

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Concessão

 

É de fazer espécie o fato de as emissoras de televisão abertas, em geral, apresentarem sempre uma mesma linha de programação. Sim, as TVs são concessões, isto é, elas desfrutam do privilégio, de autorização do governo para exploração, o que, por conseguinte, pressupõe uma contrapartida. O que se deve esperar de um governo que expede uma licença/autorização de funcionamento para emissoras com alcance e que exercem tamanha influência? Faz-se mister reclamar vossa atenção para o fato de que a concessão é a cessão do que se pode recusar. Atenção: esta última declaração nada tem a ver com censura! Ora, já que o discurso político revela tanta preocupação com a educação e cultura do povo, por que não lançar mão do recurso para promover a tão decantada educação?

Todavia, o que se nos apresenta, de fato, é um mecanismo extremamente sofisticado, cujo objetivo precípuo é alienar possíveis telespectadores. Os telejornais, por exemplo, em suas múltiplas edições, mostram-se tendenciosos e a esbanjar doutrinas; há como que uma preocupação em fazer apologia a uns em detrimento a outros; notícias chegam sempre editadas, interpretadas, manipuladas. Programas de entrevistas e/ou talk-shows revelam esta mesma faceta, até porque os convidados são “parceiros” ideológicos. E a alucinação não para por aí, pois ferramentas outras são ainda disponibilizadas. No caso do humor, este cedeu espaço ao ridículo de piadas repletas de disfarçada obscenidade; o stand up agora é a tônica.

Viraram moda os reality-shows: a hipocrisia mascarada de seriedade; usados para a divulgação e implementação do politicamente correto. Os musicais (fantasiados de concursos ou não) acompanham o mesmo tônus messiânico que se mostram a favor dos desfavorecidos. Telenovelas e minisséries: recursos didáticos para se deformar toda uma nação; uma excrecência que demoniza valores. Os filmes, em geral, disseminam a bandidolatria e o democídio. Os documentários, por sua vez, que deveriam estar à serviço da informação ou da ciência, também manifestam forte cunho ideológico. Programas policiais empenham-se em divulgar o barbarismo no qual a população está imersa. Mas a programação Top da TV aberta em nosso país são as fofocas. Creio que a tentativa capenga de “competir” com as redes sociais fez com que as emissoras lançassem mão de pseudo “influencers” para mexericar a vida dos famosos. Na falta de um melhor termo, eu diria lamentável.

Então a pergunta: onde a preocupação do Estado com seu povo, com sua cultura, com os jovens e sua respectiva educação? Onde os programas eminentemente educativos? (Não a doutrinação) Onde os programas infantis? Os “desenhos animados”, os lúdicos concursos, as apresentações circenses, os programas de perguntas e respostas, os musicais voltados à infância, a dança, as apresentações artísticas, o estímulo às artes, as peças teatrais infantis? O curioso é que essas mesmas emissoras levam ao ar programas em que psicólogos (especialistas) defendem a educação e formação infanto-juvenis como fundamento para um mundo melhor. Será que nos será dado apenas o direito de sorrir de toda essa baboseira?

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Saudável

 


Consegui! Enfim a chácara: um pedaço de terra para chamar de minha. É bom respirar naquele ambiente de paisagem esverdeada; é sadio plantar, colher, ver as hortaliças brotarem. Há um quê de beleza em ver as árvores florescerem, frutificarem... O verdor relaxa, traz alento. O longínquo conforta; lá “escuto o silêncio das línguas cansadas”. Assim me sinto. Dizem que recriei um determinado sitio de infância. De fato? Se assim o for, sinto-me ditoso. Não só o meu viver, mas minha alimentação viu-se saudável: frutas, raízes, grãos, legumes, verduras, hortaliças viçosas e tenras.

Alguma coisa que desabone tal descrição? Essa pretensa cópia de um pedaço do paraíso? Há um viver que deve ser compartilhado: a vida animal, os verdadeiros donos da terra. De vez em quando um lagarto, uma cobra; acolá um gato-do-mato, o caçar inclemente de gaviões. São pássaros vários; maitacas em seu contumaz alvoroço. Sim, e os insetos: aranhas, besouros, borboletas de variegadas cores, abelhas, etc. Não esquecer do frequente coaxar de rãs e sapos logo que a luz do Sol dá início a sua magnífica despedida. A isso soma-se o romântico estridular de grilos.

Depois de quase um ano, cobravam-me a inauguração da chácara. E assim o fiz. Mas as pessoas parecem não estarem preparadas para um reconviver com a natureza; desprezaram de alguma forma os frutos que a terra lhes proporcionaria e trouxeram seus alimentos: carnes, conservas, frangos e peixes abatidos, crustáceos. E fartaram-se, e regalaram-se... Bem, como de costume, o dia seguinte. Então conhecemos o day after; tanto para mim quanto para o ambiente algo inusitado: surgiram moscas em abundância. Creio haver algum equívoco com a alimentação e o modus vivendi dos citadinos.  

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Pega-varetas

 

Eu e essa minha busca por analogias trouxe-me à memória o antigo e saudável jogo de varetas. Historicamente, o dito entretenimento, com o nome de Jonchet, já foi citado nos livros de Buda e data do século V a.C. O Mikato, de origem chinesa, similar, inclusive nas regras, ostentava varetas de marfim. As regras do jogo são simples: pegar uma vareta sem mover qualquer outra. Cada cor tem uma pontuação; ganha quem somar mais pontos.

E vem a pergunta que não quer calar: Enfim, a que se assemelha o referido jogo? A atualidade sugere-me uma sociedade de varetas; somos varetas. Temos que nos mover dentro desta sociedade sem tocar ou esbarrar no próximo (interpretado aqui como causar constrangimentos), mesmo que de modo acidental ou fortuito. A vitimização é modus operandi. As pessoas dizem-se aviltadas, ofendidas, intimidadas por qualquer coisa; atitudes são rotuladas de invasivas, desrespeitosas, preconceituosas.

A grande diferença para o vero jogo, o pega-varetas, é que nas sociedades hodiernas não há ganhadores; todos saem perdendo. Está cada vez mais difícil a convivência social. O que se pode observar é que o indivíduo foi de tal modo contemplado, que acabou por colocar seus interesses acima dos interesses da sociedade que o alberga. Egos se acham tão importantes que em nada querem ser incomodados. E quando o indivíduo não consegue projeção necessária, associa-se a um grupo dito “minoritário” para conseguir reconhecimento social. Infelizmente, tudo isso teve início com o entendimento equivocado do que seja liberdade.  

Uma curiosidade: esta sociedade que contempla o individualismo exacerbado é a mesma que clama por respeito, igualdade, fraternidade. Sorriamos nós, as varetas!

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Status quo ante

 

É sobremodo preocupante o aumento da violência. E dentre as suas mais diversas manifestações, está a violência contra a mulher. Projetos de leis, os desdobramentos da “Maria da Penha”, severidade e rigor nas punições, medidas protetivas, etc., mostram-se, até o momento, como meros paliativos. Por que? Teriam os agressores consciência de seus atos? Seriam apenas impulsos? Seriam o simples expressar de consequências? Lidamos com estímulos? O que estaria originando tais desmandos? Debrucemo-nos, então, e de modo breve, sobre alguns milênios de nossa história.

Sim, habitávamos em árvores; nossos antepassados não se arriscavam no solo. A sociedade de então tinha como característica o matriarcado. O viver sobre galhos e ramos acabou por eximir os homens de maiores afazeres e construiu uma sociedade dependente da mulher. Porém, vivemos o advento do bipedalismo; não só ficamos de pé, mas também arriscamo-nos no solo. O ficar de pé mexeu em muito com a fisiologia humana. Houve um estreitamento no ilíaco e com isso as fortes dores no parto. As mulheres, portanto, tiveram seus organismos afetados. Já que de pé e com a visão mais utilizada, o olfato perdeu muito de sua importância. No solo os homens reconheceram-se mais senhores de si. As mulheres, mais dependentes e frágeis, haja vista as mudanças estruturais no organismo, dedicaram-se à educação dos filhos e a manutenção da família nuclear. Ao homem coube a defesa e a busca do alimento. Em decorrência, as sociedades tornaram-se patriarcais, não obstante o elemento feminino ser sempre mais numeroso.

Independentemente se relato mitológico (ou não), faz-se mister citar a antiga nação amazona, isto é, nação formada exclusivamente por mulheres guerreiras. Na historiografia greco-romana existem diversos relatos de invasões de amazonas na Anatólia. A palavra ama, constitutiva do termo amazona, significa mãe em seu sentido estrito e está relacionado às sociedades matriarcais. A palavra ha-mazan, de origem iraniana, significa lutando junto. Guerras, portanto, não faltavam. Havia a necessidade de combatentes. Logo, foi instituída a poligamia, pois quanto mais mulheres a parir, mais a possibilidade de filhos para lutar. E a sociedade a isso ajustou-se; a mulher foi ficando em segundo plano. O hábito masculino de ter amantes tornou-se, sem dúvida, uma questão cultural, ou, se assim o desejarem, conceitual. Todavia, o que nos torna seres históricos, é o fato de propor rupturas conceituais e/ou culturais.

E a ruptura chegou; reporto-me aos meados do século XX: o movimento feminista. Este movimento surgiu, a princípio, entre mulheres brancas e de classe média, na tentativa de assegurar direitos jurídicos e políticos, isto é, o direito ao voto e a uma vida profissional fora do lar. Contudo, salvo melhor engano, o movimento extrapolou, assimilou dimensões vultosas; a coisa parece querer estar próxima de um reviver da sociedade amazona. Sim, não está longe a sociedade feminista fazer visita (ou permitir-se visitar), uma vez ao ano, pela sociedade de machos, na expectativa de engravidar. E obviamente, os fetos do sexo masculino seriam descartados.

Exagero? Será? Há todo um arcabouço, um delineamento posto em prática. As mulheres já rejeitam os homens; preferem a companhia de outras mulheres. Feministas militantes reclamam do período menstrual e, ao fazerem-se de vítimas, comparam-se aos homens. O sexo masculino vem sendo gradativamente demonizado. Não só os recursos falaciosos do politicamente correto, mas também a mídia manipuladora está à serviço desta “minoria”. Desde alguns anos observa-se um processo de emasculação, processo este estimulado pelo que chamam “modismo”. Neste passo, sinto-me na obrigação reiterada de reclamar vossa atenção para o experimento de John B. Calhoun. Os desmandos sociais ora vividos foram observados no referido experimento realizado em 1947.

A tecnologia também, de certo modo, presta-se a este mister, pois parece haver “oportuno empenho” de câmeras de segurança para comprovar a violência masculina, se bem que imagens podem ser editadas e/ou interpretadas. É bom ter em mente que, com o bipedalismo, o gênero feminino deixou de exibir seu sexo; a relativização do olfato dificultou em muito a percepção do estro. Ora, mas os cosméticos associaram-se às práticas de sedução. Hodiernamente, a mulher empenha-se em seduzir, se bem que a sedução deixou de ser um fim em si mesma; sedução é apenas meio para um objetivo maior: a desmoralização, a demonização, a marginalização do gênero masculino. A terminologia vem trazer também seu óbulo à causa, pois o femicídio (ou feminicídio) apenas segrega e procura dar mais ênfase a uma espécie de crime com o qual convivemos desde sempre. As agressões físicas ou psicológicas, violências, estupros ou tentativas de estupros, assassinatos ou tentativas de assassinatos, permeiam os Códigos Penais da quase totalidade das nações.

Enfim, o que mais podemos esperar desta nova “casta” de amazonas? As mulheres não querem apenas disputar o mercado de trabalho; não querem ter só direito a exercer cargos públicos e ser destaque em posições de mando. Elas pretendem subestimar, dominar, escravizar os homens. Estariam os homens lutando por um status quo ante? Na verdade, estamos vivenciando, por parte das mulheres, o transcender de um estado antes existente. Uma sociedade de abelhas? Pode ser. Todavia, é bom ter em mente o pequeno detalhe que faz a grande diferença. Falo de natureza! Certamente, para atender aos reclamos da natureza, no instante em que houver o chamado do instinto maternal e as fecundações in vitro não mais preencherem as lacunas de uma noite de amor (ou seria apenas sexo?), os até então execrados homens far-se-ão presentes. E neste momento as mulheres quererão ser conquistadas, dominadas, possuídas.  

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Oikos e nomos

 

E tudo começou com a deterioração do feudalismo. Neste sistema, a mão de obra era servil; os servos contentavam-se com a corveia, muito embora deterem total conhecimento sobre ferramentas e trabalhos desenvolvidos. O sistema feudal emprestava muito poder aos senhores feudais; poderes esses que transcendiam a autoridade dos reis, ou seja, do Estado. Os feudos, inclusive, tinham suas próprias leis. Era muito comum feudos guerrearem entre si, muito embora a mesma língua, costumes, cultura, etc. É bom ter em vista que a unificação dos feudos sob a tutela de um único soberano inspirou Niccolo Machiavelli para escrever “O Príncipe”.

Evidentemente que o Estado sentia-se incomodado com tal independência de seus súditos. Teve início, portanto, o protocolo de desestabilização do sistema feudal. O investir nas grandes navegações - meados do século XV - veio muito a calhar. O interior das nações esvaziou-se; o litoral passou a ser contemplado. Multidões acorreram para os burgos (cidades) litorâneos. Famílias uniram-se e deram início à empresas (indústrias). E surge o conceito de economia. Formada por termos gregos: oikos e nomos, ou seja, lar e leis. Sim, as primeiras empresas eram geridas de maneira familiar. Oikos nomos: regidas pelas normas da casa. Daí o termo Economia!

Então os burgos experimentaram um grande crescimento. Teve origem uma nova classe, a burguesia, isso é, antigos servos feudais que migraram para as cidades, criaram empresas segundo os próprios conhecimentos profissionais. Estabelecidos e reconhecidos pelos Estados, tornaram-se influentes, até porque obedeciam a uma única lei e pagavam seus impostos. A classe burguesa, portanto, nada mais é do que uma classe trabalhadora, outrora explorada por senhores feudais.

Mas sempre há os que se sentem incomodados. Sim, a classe burguesa experimentou grande avanço, pois que o enriquecimento de muitos tornou-se patente. Todavia, tal enriquecimento, deveu-se - também - a incontestáveis méritos. Porém, como o egoísmo parece estar presente no DNA humano, regendo, inclusive, as relações comerciais e de mercado, teve lugar uma campanha de demonização. A exploração profissional também tornou-se inconteste. Foi quando surgiu um “economista” com dons messiânicos.

De quem falamos? Lógico, todos sabemos. Seu primeiro engano: negou-se ficar submetido a um “determinismo religioso”; preferiu submeter-se a um determinismo material. Isso tem nome: apostasia! Em segundo lugar precisava reverter a situação, pois incomodava sobremaneira os imensos lucros obtidos pelos burgueses. A propriedade precisava ser extinta e todos os bens tornarem-se coletivos. O Estado precisava reassumir sua posição de destaque. Como? Simples! O retorno ao sistema feudal. A única diferença: o Estado seria um único senhor. E para arrebanhar prosélitos lançou mão do fastidioso slogan: “Trabalhadores, uni-vos!”

Aos ainda iludidos, fica aqui uma brevíssima história da economia.

terça-feira, 23 de maio de 2023

A propósito

 

E cá estou eu a falar de ... tolerância, isto é, o aceitar do que não se quer ou do que não se pode impedir. Mas a pergunta a ser feita: qual é, ou quais são o(s) limite(s) da tolerância? O atraso permitido era, a princípio, de três minutos; hoje já se aceitam dez, quinze... Certo governador decreta situação de emergência num sem número de municípios, situação esta que terá seis meses de duração e que dispensará licitação para adquirir produtos e serviços. Então volto a lhes perguntar: o que limita a tolerância?

Falemos, portanto, da intolerância. Não, não vou me ater ao fato de descartar opiniões, ideias ou atitudes diferentes da minha. Tampouco pretendo referir-me às intolerâncias religiosa e política. Se bem que ... onde termina a tolerância e começa a leniência, o descaso, o suspeitoso? Todavia, a intolerância pode assimilar o aspecto de uma reação patológica do organismo a determinadas substâncias. Pobre organismo. Arrisco-me a declarar que corpo organizado e bem constituído é aquele que bem convive com a intolerância.

Nada obstante, ocorre-me algo - uma ideia, talvez - próximo do inusitado. Sim, a mim me parece (desculpai-me o pleonasmo) estar sendo vitimado pela intolerância. Se bem que a intolerância que me aflige, que se me invade, é deveras ampla; quem sabe holística? Claro, não mais tolero o mundo! Triste, não? Lamentável! Porém devo revelar que conheço pessoas acometidas por um mal inda maior: as intolerantes consigo mesmas. Coitadas! Será que ainda pode piorar? Lógico! São aquelas que desconhecem a auto intolerância. 

sábado, 22 de abril de 2023

Curricula Vitae

  

Percurso de vida, eis nosso apogeu! O melhor de nós? Deveras? Não o saberia dizer. Poderíamos resumi-lo a dados bibliográficos, formações, conhecimentos e percursos profissionais?  Creio que não. A coisa vai um pouco mais além. Há um outro viver, um currículo oculto, algo que optamos por sonegar, disfarçar... Não, não me reporto a detalhes técnicos tornados despercebidos; nada das dissimulações tão pertinentes ao fazer humano; falo no cerne da vivência que alicerça os currículos.

Soren Kierkegaarde, filósofo dinamarquês, fala-nos acerca do desespero humano, algo como a essência de todo viver. Sim, uma doença mortal; não por causar a morte, mas por mostrar-se ad aeternum. E a dita doença pode ser percebida em todo currículo de modos distintos: alguém que não quer ser o que de fato é; aquele que quer ser o que não é. Importante: o simples fato de aceitar-se como é também insere-se na sintomatologia.

Bem, salvo melhor juízo, parece-me que os profissionais de RH, encarregados de realizar entrevistas e analisar currículos, fazem “vista grossa” para o desespero humano que fundamenta tais documentos. O não querer perceber os sintomas acima descritos mostra-se como algo prático, bem-vindo. Por que não ficar sob a égide de uma fingida ignorância? Todo esforço por desconhecer a doença desespero tem lá seu mérito, ou seja, o profissional de RH não pode ser responsabilizado.

Enfim, o que temos de concreto, de verdadeiro, em nosso Curricula Vitae? A mesma hipocrisia que fundamenta as sociedades, que trama relações, que permeia nossa existência.

quinta-feira, 9 de março de 2023

Outrora e atual

 

Com o passar dos dias, torno-me mais e mais fã de coisas, pessoas e hábitos antigos, inclusive de mim mesmo. O outrora suplanta, em muito, o atual. (Aqui arrisco-me como possível vítima de gerontocídio ou, no mínimo, a receber como epíteto algo como hodiernusfobia). Há uma razão para tudo isso, todavia, para evitar uma longa discussão - também ideológica - não me pergunteis pelo porquê. Cansei-me de desempenhar a farsa que nos é imposta; cansei-me da hipocrisia sociocultural; cansei-me da vaidade que opõe-se até mesmo à gravitação, haja vista as pelancas que com o tempo inundam nossas faces; cansei-me de ouvir pessoas, que em nome do saudável, alimentam seus respectivos coelhos com vegetais hidroprônicos.

E para enaltecer o mais antigo, presenteio-vos com um autorretrato. Recuso-me à analogia do vinho, algo muito clichê. Na verdade, sou como um daqueles queijos de boa procedência: quanto mais velho, mais apurado o sabor, o prazer da degustação. Sim, de boa elasticidade no toque, aromático, acastanhado e - por que não?- a acidez e o adocicado em perfeita harmonia.  Não, não me exijais modéstia; a preocupação em ser modesto já traduz a falsa modéstia. E cá entre nós, com um pouquinho mais de tempo, tornar-me-ei imemorado. Fazer o quê?