Quando pensava ter
presenciado o limiar do populismo, deparo-me, e de modo inesperado, com mais
uma das aleivosias escabrosas que soem ser apanágio da politicagem cínica, pois
as palavras do pregador Jesuíno - “o sertão vai virar mar” - parecem tomar um
novo fôlego diante da anencefálica decisão do Prefeito de João Pessoa. E vós,
meus possíveis e incautos leitores, deveis desistir de ler Euclides da Cunha.
Bem, mas não vou me
alongar neste introito, criando assim um clima de expectativa, pois a notícia
em si já é suficiente para proporcionar não só tensão, mas desgosto e revolta.
Pasmem: o nosso prefeito fará cair sobre João Pessoa algumas centenas de quilos
de neve artificial, transportadas por helicópteros. Certamente, pensa ele, em
sua menoridade administrativa, estar proporcionando ao nordestino - mais
especificamente ao pessoense - um natal europeu ou estadunidense. Certamente o
povo, e sempre o povo, manipulado, maltratado, vilipendiado - e dentre estes
não distingo seus bajuladores e/ou séquito de prepostos igualmente manipulados
- irão delirar com os flocos de gelo sobre suas cabeças ocas.
Quem sabe João
Pessoa doravante não passará a constar dos guias turísticos do nordeste,
ostentando o novo slogan de “única cidade nordestina a ter neve”? De certo que
os turistas hão de vir (Que novidade não atrai turistas?), mas encontrarão uma
cidade mal conservada, insegura, despreparada e ignorante. Talvez a neve sirva para além de
atrair turistas, que daqui se evadirão com os sorrisos plenos de escárnios dado
ao ridículo da empreitada, justificar igualmente a inépcia de seus secretários
- além do de Turismo, é claro - que assumem cargos, não por terem qualificação
para sê-los, mas pelo apadrinhamento contumaz que vagueia pelas vacâncias da
polis.
Então, pautado nas predições dos incorrigíveis otimistas, posto que disseminam a premissa de que em toda desgraça deve-se vislumbrar o lado positivo, convido-vos a uma breve análise: O absurdo da nevasca em pleno verão nordestino, por certo, culminará num incontornável suicídio político. O que é muito bem vindo, afinal, seria um a menos para conspurcar a boa fé pública. E a vós, que se solidarizais com os expedientes espúrios dos que se empenham em atender plenamente ao estereótipo do cinismo político, os meus votos de um Bom Natal, repleto de neve e descaramento. E tudo isso proporcionado por um outro Noel: Noel Cartaxo.
Então, pautado nas predições dos incorrigíveis otimistas, posto que disseminam a premissa de que em toda desgraça deve-se vislumbrar o lado positivo, convido-vos a uma breve análise: O absurdo da nevasca em pleno verão nordestino, por certo, culminará num incontornável suicídio político. O que é muito bem vindo, afinal, seria um a menos para conspurcar a boa fé pública. E a vós, que se solidarizais com os expedientes espúrios dos que se empenham em atender plenamente ao estereótipo do cinismo político, os meus votos de um Bom Natal, repleto de neve e descaramento. E tudo isso proporcionado por um outro Noel: Noel Cartaxo.