segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Περί Ιδεολογία - Acerca da Ideologia



Por vezes partilhamos o dia-a-dia com vocábulos que, muito embora repetidos à exaustão, continuam a nos soar estranhos. O termo ideologia, exigido pelo poeta Cazuza como mister para viver, é um desses exemplos. Então perguntamo-nos: o que é de fato ideologia? Permito-me uma definição de certo modo ortodoxa: Conjunto de ideias fundada em princípios sócio-político-filosóficos, e que se reveste de argumentos para justificar interesses individuais ou de grupos, tendo em vista, evidentemente, o momento e a conjuntura social. E o que se pode depreender da definição acima? a) Que a ideologia vai depender do indivíduo ou grupo. Ora, se indivíduos e grupos carecerem de sólidos valores, fica evidente que o conjunto de argumentos daí advindos carecerão igualmente de valores; b) se, de fato, levar em conta o momento e a estrutura social, torna-se patente que um povo socialmente desestruturado mostrar-se-á incapaz de oportunizar uma saudável ideologia.

Talvez aí esteja a dificuldade em se entender com clareza o que significa ideologia. Bem, valendo-me do recurso da metáfora e como profundo conhecedor da mentalidade brasileira, posso afiançar-vos: ideologia é o tipo de discurso que convence o ávido a degustar um alimento que já apresenta indícios de putrefação; o argumento nessa primeira fase pautar-se-á em negar o estado de apodrecimento, alegando que tudo foi criado para fazê-lo crer na corrupção alimentar. E se o comilão dissipador vier a óbito, a segunda fase do discurso ideológico terá como objetivo convencer os circunstantes de que o glutão faleceu por morte natural.   

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