terça-feira, 13 de novembro de 2018

Sade redivivo



De fato, não estamos mais no século XVIII, se bem que o cenário francês de então ressurge-nos de modo ofensivo. À modernidade sucedeu algo ainda mais ultrajante: a pós-modernidade, e esta com a justificativa de corrigir os “erros” daquela. Nosso restaurado e suscitado personagem, Donatien Alphonse Françoise de Sade, pode hoje exibir várias alcunhas: Queermuseu, por exemplo, e isto porque a dita exposição nada mais faz do que manifestar todas as características da obra do famoso marques. Vejamos! O Queermuseu, com seu subtítulo pomposo, “Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, traz temáticas LGBT, questões de gênero, diversidade sexual e pedofilia. Mas o que subjaz em todo o projeto são ideias eminentemente materialistas. Podeis perceber que o leit motiv que orienta referido pensamento desafia a concepção de mundo proposta não só pela religião, mas também pela racionalidade. Sem qualquer contestação, podemos afirmar que o pensamento é ateu e a proposta é nada vaga, pois carrega a pretensão de oficializar a libertinagem. Exposições como a do Queermuseu, apesar de todo o discurso em defesa da arte e da liberdade de expressão, faz uso do grotesco para tecer críticas à sociedade.

Atentai para um detalhe: a dita preocupação de pôr em pauta uma discussão visando tratar da temática da diversidade sexual e respeito pelas múltiplas orientações, nada mais é do que uma tentativa de aniquilar com a moralidade. Os valores colocados em cheque são aqueles adotados pelas relações familiares tradicionais e que tanto incomodam a grande parte da sociedade autodeclarada de esquerda. A “casta” de intelectuais e artistas, do alto de sua soberba, não consegue perceber que, através de sofismas, foi aliciada, cooptada e desempenha de modo inconsciente, o papel do rebanho que vem realizando a hegemonia cultural de Antônio Gramsci. Aos incautos, que ainda não se depararam com a obra de Sade, recomendo a leitura de “120 dias de Sodoma”, onde estão descritas cenas bizarras com o abuso de crianças, bem como uma aberrante panssexualidade.

Todavia, voltemos nosso olhar a uma segunda alcunha de Sade: a Ideologia de Gênero. Parece que estamos às voltas com um processo lento e protocolar, pois, de início lembramo-nos das primeiras paradas gays. Depois surgiu o lobby. Por que? Afinal, depois da aceitação da sociedade e, inclusive o amparo das leis, por que exercer tal pressão? Michel Foucault dizia que a normalidade era algo imposto pela sociedade dominante e seus respectivos valores. Ora, parece-me que, apesar de se respaldarem no pensamento de Foucault, querem criar uma nova normalidade para igualmente impô-la. Mas a coisa vai bem mais longe: além do psicologismo exorbitado, defendido pelos sequazes freudianos, que usam a sexualidade como um reducionismo irresponsável, soma-se o sociologismo messiânico, que carrega a pretensão de tudo equacionar. E, como pedra de toque, percebe-se o ranço da filosofia comunista que revela empenho por destruir qualquer resquício de moralidade.

Outrossim, acredito que por se tratar de uma ideologia, isto é, um conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas que pretendem justificar o interesse e ações de um indivíduo ou grupo, estas colocam-se até mesmo contra ciências naturais como biologia e genética, ou seja, contra o pensamento racional. O grande problema que identifico em qualquer ideologia é justamente na sua base de sustentação, pois que amiúde constroem seus argumentos sobre os pilares da retórica, da sofística, o que nos leva a também entender ideologia como instrumento de dominação, que faz uso da persuasão, tendo como objetivo alienar a consciência humana.

A ideologia de gênero declara que gêneros são simplesmente construções sociais; que não existe apenas o masculino e o feminino, mas um espectro a ser escolhido pelo indivíduo. A ideologia de gênero vem representar o conceito que sustenta a identidade de gênero. Ora, gênero é nada mais que o sexo. Todavia, sustenta a referida ideologia, que o fato de uma pessoa nascer com determinados órgãos sexuais, não faz com que este se identifique com o gênero que exibe tais órgãos. Masculino e feminino, portanto, seriam produto histórico-cultural desenvolvido pela sociedade.

Aqui, se permitis, sinto-me na obrigação de fazer alguns comentários: Gêneros, os sexos em si, não são construções sociais, pois a sociedade, por mais organizada e desenvolvida que seja, não anda por aí implantando pênis ou vagina em nenhum de seus cidadãos. O que se pode entender é que, a partir da diferenciação sexual, fenômeno da alçada da biologia ou genética, a sociedade cria estereótipos para lidar com tais gêneros. Quanto à identidade de gênero, de modo histórico-cultural, a sociedade vê no macho aquele que tem por obrigação possuir força física, trabalhar para sustentar a família, etc., bem como vê na fêmea alguém de compleição frágil, que tem por destino ser mãe, recatada, etc. Todavia, as pessoas tem o direito, segundo suas próprias convicções - liberdade - em atenderem ou não o papel que a sociedade lhes destinou. Importante frisar que a sociedade também criou estereótipos para a beleza, para a honestidade, para a saúde, para a felicidade, etc.

A parte mais repulsiva da proposta, contudo, parece-me, antes de mais nada, incoerente e contraditória. Explico-me: os meios de comunicação, bem como as instituições - Conselhos Tutelares, por exemplo - demonstram enorme preocupação com as crianças, sua formação, proteção, educação, etc. Ora, fica difícil, senão impossível, entender este insano empenho em despertar precocemente o interesse sexual nas crianças. Atentemos para as estruturas cognitivas de Piaget, pois o interesse pelo conhecimento vai surgir em momento oportuno. Abandonemos, portanto, a psicologia cultural-histórica de Vygotsky, pois que na primeira infância as “interações sociais” certamente servirão de manipulação comportamental, de alienação, senão de aliciamento.

Quanto à orientação sexual, devo dizer que entendo orientação como impulso, como direção. Acontece que, paralelamente a isso temos a liberdade, a racionalidade, e que se atendermos simplesmente a impulsos, estaremos decretando o fim de qualquer sociedade. Não nego que os impulsos existam e ferreteiem nossas vidas, mas isso não nos torna presas dos mesmos. De fato há o impulso, mas ceder ao impulso é uma opção deliberada. Com isso, retomo minha contundente argumentação de que a teoria que procura dar sustentação à Ideologia de Gênero é, por sua vez, calcada em retórica falaciosa. O que está por trás desta construção nociva é simplesmente a desconstrução e, por conseguinte, a destruição do conceito de família.

Desde meados do século passado percebemos o lento discorrer de um processo modelador: o sexo livre, o uso de anticonceptivos, de preservativos, o que culminou com a banalização do ato sexual e, dessarte, com a banalização do amor. As paradas gays eclodiram em todo o globo; alguns países já legalizaram o aborto, em outros o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil temos, além do lobby, a tentativa de oficializar o aborto e de implantar, via legal, a Ideologia de Gênero. Percebei, a cada passo o que está em cheque é a estrutura familiar, é a banalização das relações, a estiolação dos valores. Então, pergunto-me: qual será o próximo passo? A legalização do incesto, baseada na retórica fastidiosa de que se trata de um mito? Quando alguma outra exposição de arte ou projeto de lei tentará nos enfiar goela abaixo a normalidade e moralidade do incesto? Certos estamos, via ciência, que tal relação intensifica exponencialmente a probabilidade de anomalias genéticas, porque aumenta o grau de homozigose das raças. E já que expostos à depravação de Íncubos e Súcubos pós-modernos, quem sabe, amanhã ou depois, em presença de uma ilimitada perversão, não observaríamos a tentativa desvairada de justificar o “apimentar” das relações através de uma coprofagia? Tal recurso não se mostrando suficiente, algo nos leva a crer que o desfecho seria apelar para a instância da zoofilia.

Neste momento vós me inquiris: Qual seria o objetivo? Com certa tristeza, recordo-me das palavras proféticas do poeta Cazuza: “... transformar um país inteiro num puteiro.” Envidemos esforços, portanto, no sentido de não permitir que o Estado se torne um imenso lupanar, onde crianças e jovens sejam conduzidas à condição de barregãs informais. A perversão psicológica, o messianismo sociológico e a filosofia comunista devem ser obstaculizadas. Trata-se de teoria espúria, de preceito insidioso, de uma ideologia que visa animalizar e manipular o ser humano através de sua ruína moral e ausência de valores. Ao revisitar o Marques de Sade, muito embora em presença do mundo hodierno, sinto falta de apenas dois detalhes: a Bastilha e a guilhotina!    

Um comentário:

  1. Jamais se fará inclusão através de imposição, é necessário educação para a sua aceitação, seja pela dominante minoria ou pela esmagadora maioria.
    Todo o resto, é mera hipocrisia social.
    O preconceito não reside nas leis de uma nação, mas na sociedade que a compõe.

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