Minha homenagem a Aldous Huxley
Independente
da forma ou sistema de governo, pode-se identificar facilmente um traço em comum: a
preocupação, pelo menos no discurso, em promover o bem estar da população - o Welfare State - na verdade, o típico
estado assistencial, no qual esteja garantido um padrão mínimo de educação,
saúde, habitação, salário e segurança. Mesmo em se tratando de um único Estado,
tal fenômeno poderá ser percebido dentre as diversas ideologias e partidos.
Então surgem algumas questões: Essa seria uma exigência das populações em si mesmas
nos diferentes Estados? Por que a semelhança não só nos discursos, mas também
nos procedimentos? O que leva políticos de diferentes correntes e orientações
demonstrarem detalhe de pensamento tão homogêneo?
Vejamos!
Toda e qualquer ideologia ou corrente de pensamento político compromete-se com a
segurança econômica de seus cidadãos, e, ipso
facto, do Estado. Por que? De início a pergunta pode parecer retórica, mas
não o é. Em verdade, a segurança econômica tornou-se algo aceito como “normal”.
Todavia, ela, a segurança econômica, apesar do status de “normalidade”, é refém de diversas variáveis, o que foge
ao controle dos estadistas. Logo, para que a lacuna tida por “normal” seja
suprida, recursos outros são acionados e disponibilizados. Na verdade, os
recursos substitutivos se instalaram e provocaram uma profunda revolução
pessoal na mente humana. E a revolução nas mentes, por sua vez, teve outros suportes.
Neste
momento os senhores e senhoras, por certo, perguntar-me-ão: Como? A princípio fizeram-se
necessárias descobertas científicas. Seres humanos passaram a se preocupar com tudo
que promovesse ou contemplasse sua comodidade. E, destarte, se voltaram para
conquistar e /ou adquirir todas essas benesses científicas. Evidentemente, que
a ciência econômica vem contribuindo sobremodo com o incentivo ao crédito. Aliadas
às descobertas científicas somaram-se aperfeiçoadas técnicas de sugestão,
voltadas, evidentemente, ao condicionamento infantil, nas quais pode-se
observar o culto ao imaginário, ao lúdico, etc.
As
ciências humanas, e aqui me reporto à filosofia, à sociologia, à antropologia e
à psicologia, muito embora o nímio verborrágico, nada mais fazem do que
estabelecer e afixar os indivíduos em seus devidos lugares na hierarquia social,
pois que, pessoas mal adaptadas se revelam como problemas. Percebestes que, ao
nos depararmos com uma situação/circunstância atípica ao ambiente social, a
primeira providência a ser tomada, com o apoio inequívoco da mídia, é
apresentar um “especialista” para discorrer sobre a temática que, ao colocá-la
em discussão, termina por banalizá-la?
Faz-se
mister também realizar a substituição dos vícios por coisas mais prazerosas e
menos nocivas, afinal, trata-se do bem-estar social. Que tal os fast foods em lugar do álcool? Que tal o
sexo em lugar das drogas? Comer em demasia e fazer sexo não se opõe ao
politicamente correto. O mais importante, contudo, é a padronização do ser
humano. Devo evocar fato, no mínimo curioso: temos manuais para tudo! Temos
manuais para alcançar a felicidade, manuais para sermos saudáveis (tanto em
ternos de alimentação quanto de exercícios físicos), temos uma vasta leitura de
autoajuda, em como se livrar da depressão, etc. Lembrar-vos-ei, contudo, que
existem diversos modelos a serem seguidos, seja o imperativo estético, seja a
submissão aos desmandos da moda, seja no tocante aos comportamentos, seja no
que tange ao próprio pensar, muito embora a “empolgante” bravata da liberdade
de expressão, e isso tudo sujeito a uma espécie de patrulhamento. Este
patrulhamento, algo de cunho tipicamente ideológico, na verdade, trabalha com a
possibilidade de uma “eugenia social”.
Bem,
cumpridas as etapas acima descritas, estamos diante de uma sociedade perfeita.
Seria? O que temos, então? A realização de uma utopia ou o quadro degenerado de
uma distopia? Não, mas nada disso importa. Os seres humanos têm ou detêm, seja
o que for. Eles buscam apenas ajustarem-se a um quadro social mesmo que
desumanizado. Suas preocupações tornaram-se mínimas, irrisórias; eles seguem
manifestamente a um protocolo, e nada mais. Por que questionar o prazer? Sim, e
se perguntados, dir-se-ão felizes. E, nós outros, enfim, poderemos entender o
porquê da hegemônica “atuação” de insignes políticos: eles conseguem fazer com
que a humanidade ame sua condição de servidão.
A sociedade feliz, vivendo perfeito condicionamento hipnopédico, será que acordaremos um dia?
ResponderExcluirNo mais, toca Zé Ramalho aí, ehhhh oh oh vida de gaaaado....