O ano é 2072. Estamos no pós-guerra; a
3ª Guerra Mundial, de fato, aconteceu. Sim, mas não nos moldes da guerra que
até então conhecêramos. Vivenciou-se uma guerra digital, disputada palmo a
palmo, com mãos sobre o teclado, com olhos aflitos e fixos em telas, em vídeos.
Hackers? Os grandes heróis foram os grandes derrotados. Aliás, como em toda e
qualquer guerra não existem vencedores. As redes, os sistemas, os programas se
foram; tudo perdido. O que estava nas nuvens evolou-se. Nada mais de interfaces,
de bluetooth, de pixels, de gigabytes; tal terminologia caiu de moda, deixou de
ser pertinente. Não mais comunicação digital. É imprescindível retornar às
ligações telefônicas convencionais e fazer uso da piezoeletricidade; temos que
resgatar o código morse. Documentos, dados, informações de valor inestimáveis
perdidas. Onde foi parar nosso desenvolvimento científico? Estavam armazenados
em arquivos ditos seguros, invioláveis. Qual nada! Qual a segurança em uma
guerra? É difícil recomeçar sem um ponto de partida. Onde nossa história? Não
mais existem anotações; o papel tornou-se obsoleto. Temos que reinventar o
papel; reelaborar a comunicação via missivas. Poucas obras de arte restaram, e isso
graças a colecionadores considerados reacionários e ultrapassados. A juventude
não mais sabe escrever, pois apenas se comunicavam via redes sociais; as
relações e interações davam-se apenas quando conectados. Até a deflagração da
guerra, os jovens acreditavam que o fato de estar online seria suficiente para
dizerem-se informados. Para fugirem da mesmice e ainda estimulados por uma
vaidade gritante praticavam crossfit. A nova geração não mais sabe expressar-se;
precisa passar por um processo de ressocialização, inclusive atentando para o
retorno presencial às escolas. Mas o que mais me causa espanto, me revolta e
entristece, é que os jovens desconhecem o que é um livro.
É o "fenix" civilizatório, pós Admirável mundo Novo.
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