terça-feira, 20 de novembro de 2018

Demagogia do Irreprimido



Inicio fazendo uso da educação bancária, pois os possíveis leitores, já que oprimidos, adoradores de Paulo Freire, por certo não conhecerão o conceito de demagogia, muito embora a demagogia faça parte do mundo e também se mostre como um correlato da consciência. Na qualidade de opressor, portanto, reclamo vossa atenção! Vamos ao conceito (não precisa decorar!) Demagogia: a) pode ser uma forma de governo onde o povo prepondera, ou seja, exerce influência superior; b) pode ser uma forma abusada de democracia (abusada = forma errada, inconveniente; agir para que somente seus interesses sejam atendidos); c)  pode tratar-se de facções populares (integrantes de partidos; bando político que trama a ruina de seus adversários) exercendo uma dominação tirânica, isto é, um domínio injusto, opressivo; d) pode ser também, e o mais provável no nosso caso, discurso que tem por objeto manipular paixões e sentimentos para conquistar mais facilmente o poder político.

Bem, o irreprimido é aquele que não tem inibição, não é tímido e não conhece limites. O famoso “cara de pau”. Em termos de uso vernacular ou mesmo norma culta, pode-se usar o termo cínico. Nesta oportunidade, não pretendo discorrer sobre o possível plágio ao missionário Frank Charles Lauback, nem mesmo a provável cópia ao método do Marquês de Condorcet. (vide “Cinco memórias sobre a instrução pública”, publicado pela editora Unesp). Nada obstante, surge uma primeira questão: como o irreprimido - o cínico - (que não conhece qualquer tipo de repressão) pode identificar oprimidos e defender seus interesses? É onde se justifica o termo demagogia.

Aos que não se submetem, entretanto, aos conchavos da “intelectualidade humanizadora”, pergunto: percebestes como as diversas maneiras de se entender a demagogia acabam por se somar e nos fornecer uma ideia ampla do que foi tramado para o Brasil e outros países que se permitiram encantar por Paulo Freire? Conseguiste atentar que o discurso freireano, bem como sua pedagogia, atendem direta e descaradamente aos propósitos comunistas? Sim, o processo é o mesmo, a começar pela vitimização. O segundo passo é apontar o algoz, o opressor, ou melhor, o professor. Terceiro passo é disseminar a retórica messiânica, com a promessa de tudo resolver. “Não mais haverá oprimidos ?????; todos usufruirão da liberdade????” Blábláblá. Depois disso, basta conduzir a manada, isto é, os oprimidos - exatamente como o opressor, que ele tanto critica. Enfim, o novo modelo pedagógico, doravante, também manipulará, também castrará, também dará origem ao ser menos.

Curioso é que mesmo citando Sartre em abundância, nosso “Patrono” não vincula liberdade à responsabilidade (o gripo é meu). O que um dito oprimido entenderá por liberdade, já que a liberdade deverá se apresentar “espontaneamente” em seu convívio para ser descoberta, trabalhada e então desfrutada? Não seria esse conceito, adquirido não através da educação bancária, mas pela educação como “prática de liberdade”, o responsável pelo expressivo número de analfabetos funcionais, pela banalização e descrédito do magistério e pelo crescente número de agressões aos docentes em sala de aula?

Ao falar de Hegel, na Fenomenologia do Espírito, capítulo IV, independência e dependência da consciência de si - a dialética do Senhor e do Escravo - parece-me, salvo melhor juízo, que nosso Irreprimido Confessor adaptou (adaptação seria um eufemismo) o pensamento hegeliano a seu bel-prazer e com o propósito de dar embasamento a sua estúrdia teoria: Oprimidos versus Opressores. Segundo Hegel, entre senhor e escravo há uma dupla dependência e uma dupla submissão. O senhor só é senhor porque existe escravo; ele precisa do escravo para realizar-se como senhor e através de seu trabalho, portanto, o senhor é dependente do escravo. O escravo, por sua vez, o que domina e transforma a natureza, mesmo que sob as ordens de seu senhor, percebe-se como o único capaz de fazê-lo (dominar e transformar a natureza), e isso o deixa em vantagem em relação ao seu senhor. É onde ele conhece a liberdade. Senhor e escravo, portanto, são correlativos necessários. A relação é indestrutível. Na “educação como prática de liberdade”, Paulo Freire, denotando um ingênuo ou proposital desconhecimento, fala em revolução - coisa tipicamente marxista - para eliminar os “imaginados opressores”. Nós, os opressores, cultores da educação bancária, tão odiados, repelidos, refutados, somos até mesmo acusados de hipócritas quando demonstramos qualquer laivo de generosidade. Não, nem pensais, portanto, em solidarizar-se com os que são identificados como oprimidos, pois qualquer generosidade nossa seria um embuste para que nos regozijássemos da situação deles. 
  
Paulo Freire também faz uso do método fenomenológico. Seres humanos e mundo - Das Lebenswelt, “o mundo da vida” - postulação de Edmund Husserl - devem estar em íntima relação para que o conhecimento se torne possível. Os objetos cognoscíveis dão-se espontaneamente aos sujeitos cognoscentes.  O importante é a intencionalidade da consciência, ou seja, a consciência é sempre a consciência de algo que não ela mesma. O fundamental para o conhecimento é, portanto, o ato intencional da consciência, ou seja, a vontade de conhecer, o querer conhecer. Logo, dialogicidade na educação é mera falácia. A dialogicidade olvida e manifesta indiferença à especificidade conceitual. O capítulo III da Pedagogia do Oprimido discorre sobre situações limites e temas geradores, que nada mais são do que as preocupações dos camponeses. Os “pesquisadores”, da mesma maneira que os defensores da “educação bancária”, tornam-se os novos “hóspedes” da classe oprimida. Na verdade, os ideólogos de esquerda, depois da codificação e descodificação postulam uma “ação cultural libertadora” ou “ação educativa”, ou seja, despejam a rodos toda uma ideologia caquética, visando, evidentemente, a manipulação comportamental campesina, haja vista a atuação do MST e seus assemelhados. 

Como o nefasto método se emprega na alfabetização de adultos, sugiro a vós outros, problematizadores, politizadores e libertadores da educação - até para mitigar minha culpa em face do status de opressor - não um quefazer revolucionário, mas algo que extraia os ainda oprimidos da “imersão”. Não, não vos preocupeis em apresentá-los a Beethoven, afinal isso é música das elites, de opressores. Apresentai-os apenas a um humilde dicionário, pois, já que tão politizados, sejam capazes de escrever algumas éclogas. Quem sabe, em meio às criações aberrantes que vós, intelectuais de esquerda, rotulais de populares, não venha surgir uma referência artístico-cultural inovadora?

Um comentário:

  1. A Pedagogia Freiriana ao invés de dar voz e oportunidades aos imbecis, através da sua liberdade sem responsabilidade os empoderou e os preparou para a tomada do poder. Extinguindo o mérito e qualquer resquício de educação. A opressão apenas mudou de mãos.

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